sábado, 31 de dezembro de 2011

O CELULAR E O CHIFRE.

O MUNDO evoluiu em todos os sentidos, trazendo oportunidade de mudanças radicais no comportamento das pessoas, e a população aumentou de maneira quase desordenada. Hoje já somos 7 bilhões de almas, penadas ou não. Junto á evolução e ao aumento da população aumentaram também as ocorrências de relações extraconjugais. Só que os casos de relações extraconjugais aumentaram muito, de forma bem desproporcional ao aumento da população. Entretanto, esse tipo de comportamento não é novidade, e, mesmo antes de Cristo já se falava nisso e já se castigavam os praticantes.

É SABIDO que desde quando o mundo existe, há ocorrências desse tipo, uma vez que pessoas insatisfeitas, libidinosas e aventureiras sempre existiram. Não se sabe se antigamente essas ocorrências tinham o mesmo nome que tem hoje, mas isto não interessa mais No entanto, nos tempos modernos, depois do automóvel e do motel, surgiu uma nova tecnologia que favoreceu e incentivou por demais as atitudes dessa natureza, que passaram a ser conhecidas como pulada de cerca, ou simplesmente chifrada, cujo resultado é o chifre.

ESTOU FALANDO do telefone celular, esta maquininha minúscula que permite ao homem contrariar a lei da física, ocupando dois lugares ao mesmo tempo, em locais diferentes. Dia desses um amigo estava em minha casa, quando recebeu uma ligação no celular. Para se esquivar de um compromisso, ele disse que estava em BH e quando voltasse a Arcos ligaria avisando. No momento fiquei em dúvida quanto à cidade em que realmente moro. Pensei que eu estava morando em BH e ainda não estava sabendo. Olha o celular aí já incentivando as mentiras!

NO ENTANTO, esse não é o maior mau uso do tal aparelhinho. Há outros muitos piores, incluindo o mencionado acima. Muitas pessoas compromissadas o usam hoje para marcar pulada de cerca, sem correr o risco de o outro cônjuge escutar na extensão. Realmente para quem aprecia a prática dessa perigosa aventura, o celular é um prato cheio; é um manjar dos deuses. Tal aparelhinho miraculoso veio a calhar. Chegou na hora agá. Era exatamente o que estava faltando para fomentar mais ainda os encontros fortuitos e “calientes” entre pessoas compromissadas com outras.

HÁ ALGUM tempo, um amigo me contou que depois que a esposa arranjou um celular, ela ficou cheia das nove horas, cheia de mistérios e segredinhos. Disse-me que já estava com a pulga atrás da orelha. Dito e feito!  Dia desses, ele a viu entrando no motel no maior xodó com o novo namorado, arranjado via celular. Resultado: um está para um lado, outro para outro lado. Ela continua pulando a cerca. Tanto que, provavelmente, irá participar das Olimpíadas de Londres, na modalidade salto em vara. É cada pulão, que medalhas de ouro já estão garantidas.

O CELULAR não foi criado para isso, mas juntando-se ao automóvel e ao motel, ajudou a formar o tripé que sustenta a pulada de cerca. O celular serve também como marcador de dia e horário para se tomar Viagra e outros indicados para disfunção erétil. Contato positivo conseguido e encontro marcado, viagra no bucho par cair na corrente sangüínea em tempo hábil. Só para evitar dúvidas e problemas com a Polícia Federal e o Fisco, devo dizer que não sou revendedor de viagra, e muito menos de Pramil oriundo do Paraguai. Nem os consumo ainda, mas não tenho nenhum preconceito. Penso que é melhor tomar um estimulante do que virar ferramenta de pintor.

NÃO VOU DIZER que não gosto de celular, pois seria muita burrice de minha parte não gostar de conforto, pois que o celular oferece facilidades em nossos contatos, emergenciais ou não. O celular é uma ferramenta espetacular, que veio facilitar por demais os contatos pessoais, beneficiando sobremaneira as pessoas nas mais diversas situações ou locais em que elas se encontrarem. Eu tenho ojeriza é do uso indevido que pessoas fazem dele. Como não teria sentido ser diferente, eu também possuo celular. Caso contrário, estaria assinando meu atestado de burrice. E também por que celular é igual celulite e já que todo bundão tem, também posso ter.

ENTRETANTO, seria bem legal se as pessoas usassem todos os recursos tecnológicos que lhes são colocados à disposição para o lado do bem. Certamente, a não ser material bélico, nada nesta vida foi criado com a finalidade de ser usado para o mal. O avião, por exemplo, não foi inventado para jogar bombas nos inimigos e nas pessoas inocentes, mas o foi para trazer conforto e rapidez às pessoas. Parece que esse mau uso dele foi um dos motivos da desilusão de Santos Dumont, que o levou ao suicídio. Também o caminhão foi criado para transportar mercadorias, e não para ser usado de forma irresponsável e criminosa, promovendo carnificina nas rodovias.

VOLTANDO ao celular, dos piores usos que fazem dele são os trotes que passam incomodando as pessoas; as falsas comunicações para enganar e extorquir dinheiro das pessoas ou o terror que espalham comunicando falsos seqüestros com o mesmo fim financeiro. Tudo isso por detrás de um celular de número não identificado, que deveria ser proibido pela lei, para evitar esse mau uso que a molecagem e a bandidagem fazem deste estupendo aparelho, causando muito mal às pessoas. Mesmo que seja apenas um simples trote, acaba tirando a paz e a serenidade do destinatário da ligação. Perto destas situações, a pulada de cerca combinada no celular acaba virando, à luz da lei dos homens, apenas um pecado original.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL.


O mundo fica todo colorido
E tudo é multicor, é fantasia.
Parece não haver nenhum gemido
No dia de Natal, sagrado dia.

A rua se engalana, se reveste
De tudo que mais caro e belo existe
Não aparece um só que isso proteste
Em benefício de quem vive triste.

No bairro, na favela, lá no morro
Não há Natal nem luzes coloridas.
A música é o latido do cachorro
Na porta de crianças mal vestidas.

Até o sino é mudo, não badala
Para acordar as coisas lá do céu.
Sapato na janela? Nem se fala.
Não se conhece lá Papai Noel.

Papai Noel de barbas de algodão,
Tão esperado pela burguesia
Não sabe onde mora uma nação
De criancinhas sem ter alegria.

Papai Noel não sobe o morro pobre
Porque não sabe ainda o seu caminho.
Mas é preciso que essa gente nobre
Ensine o morro, também ao velhinho.

Para que ele leve na viagem
Entre brinquedos de vários matizes
Uma palavra de feliz mensagem
Uma promessa de dias felizes.

E na bagagem dessa nova estrada
Ele conduza, então, um bom segredo
Conduza, sim, nessa missão sagrada
Outro presente em forma de brinquedo.

Conduza, sim, o pão à pobre mesa
Daquele povo que já nem mais come
Amenizando assim essa tristeza
Diminuindo assim aquela fome.

Conduza, sim, a paz e a bonança
Para transformar-lhes tão cruentos dias
Conduza, sim, também a esperança
De um futuro melhor, de alegrias.

E, às crianças, leve, nesse ensejo
Novo horizonte, novos ideais
Que lhes afague a face, dando um beijo
Para mostrar que os homens são iguais.

Autor: José Helder França.

PAPAI NOEL.

Papai Noel me responda
Não quero que se esconda
Novamente para mim.
Sou pobrezinho, confesso
Mas nesse dia lhe peço
Não seja tão mau assim.
Por que você não me ama
Por que não vê minha cama
Onde durmo tristemente?
Se posso chamar-lhe de pai
Então me diga papai
Por que não ganho presente?
Na sua noite, me deito
Sozinho no pobre leito
De acordar já tenho medo.
Porque sempre procurei,
E até hoje nunca achei
No meu sapato um brinquedo.
Por que você é ingrato?
É por que o meu sapato
É velhinho e tem rasgão?
Se é por que está rasgado
Deixa o sapato de lado
Ponha o brinquedo no chão.
Papai Noel, papaizinho
Tenha dó do pobrezinho
Que também sabe brincar.
Se pedir é natural
Me atenda neste Natal
Visite também meu lar.
Eu gosto de ser sincero
E todo ano o espero
E digo com emoção:
Acordo no dia cedo
Quando procuro o brinquedo
Encontro é decepção.
A meditar sempre fico
Por que os filhos de rico
É que têm esse direito?
A sua lei é injusta
Papai Noel que é que custa
Olhar também pro meu leito?
O pobre nunca se cansa
E ainda tenho esperança
Nas boas coisas do céu
Eu também tenho ideal
Também mereço um Natal
Me atenda, Papai Noel.

                                               Autor: José Helder França.





segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A cabeça erguida, o nariz empinado e outras posturas psicossomáticas.

Cabeça erguida é a postura que pessoas de bem devem adotar ao longo de sua vida. De cabeça erguida é posição de pessoas decentes se mostrarem em público, revelando que nada têm a recear tendo em vista sua forma limpa de proceder, já que é pessoa de bem. E pessoas de bem nada têm a esconder ou a temer, pois se estas tivessem de ser temerosas, o que não dizer, então, das outras pessoas mal acostumadas, cheias de atitudes condenáveis que vão de encontro às normas legais e sociais? Antes de ser uma postura física, a cabeça erguida é um estado de espírito.
A cabeça erguida é forma mais correta que pessoas decentes devem adotar, mesmo elas estando em situação difícil, constrangedora, mas que não tenha sido causada levianamente por elas. Conheço pessoas que, mesmo estando em situação momentânea desfavorável, porém decente, aperto financeiro, por exemplo, andam sempre de cabeça erguida tal é a sua dignidade e retidão de caráter. Portanto, cabeça erguida é a postura mais adequada a uma pessoa cuja vida é pautada pela decência. E pessoas enquadradas neste perfil podem e devem ter altivez.
Entretanto, a não adoção da postura cabeça erguida não significa que a pessoa seja indecente ou não possua as qualidades das outras que adotam. Nada disso! Acontece que, mesmo sendo igualmente boas, as pessoas são diferentes em suas formas de reagirem perante as situações diversas e adversas. Assim, umas são fracas, tímidas, medrosas, introvertidas, melancólicas, e se abatem com mais facilidade. Enquanto outras já são fortes, extrovertidas, afoitas, corajosas e não se abatem facilmente. Há pessoas também que vêem na cabeça baixada uma atitude de respeito e meditação.
Por outro lado, há o nariz empinado. Esta, no entanto, já é uma postura de pessoas medíocres, que sempre querem ser o que não são. São pessoas pequenas, antipáticas e soberbas as que mais adotam esta abominável e ridícula postura. Aliás, não são as que mais adotam, são as únicas, pois pessoas normais, decentes, sábias e de boa convivência jamais adotariam tal modo de se portar perante as demais. Em todos os lugares há pessoas assim, de nariz empinado, mesmo não tendo nenhuma condição moral e material para envergar tal postura.
Parece que elas pensam que os outros não as conhecem e não sabem nada a seu respeito. Ao contrário, seguindo o grande defeito de cidades pequenas, a gente costuma saber tudo sobre as pessoas, até mais do que elas próprias. Em cidades pequenas, pode-se ficar sabendo de algo que vai acontecer, até mesmo antes do alvo do fato. Porém, isso é atitude de pessoas desocupadas e bisbilhoteiras que vasculham a vida das outras pessoas com o fito de espalhar boatos e fofocas, à vezes reais, o que pode servir de alerta para a pessoa vasculhada, forçando-a a descer o nariz.
Como se vê, essas duas posições capitais, pois estão na cabeça, são antagônicas. A cabeça erguida simboliza altivez, decência, dignidade e outros atributos de pessoas respeitáveis, a quem deveríamos tentar imitar. A estas, o meu aplauso. O nariz empinado é atitude de pessoas pequenas, medíocres, ridículas, que não reconhecem seu lugar. São pessoas que tentam passar a falsa impressão de que estão com tudo, enquanto estão com nada. São seres que quase sempre estiveram por baixo, mas usam o empinamento do nariz para parecerem superiores. A estas, minha vaia e meu conselho: Empinar pipa em dias de vento é bem melhor do que empinar o nariz.
Há outras duas posturas também psíquicas que acabam se confundindo com o físico, conforme as duas anteriores, e que as pessoas usam em decorrência da ocasião.  É o queixo caído e o topete levantado. O queixo caído é uma postura adotada numa situação de admiração, de contemplação, provocada, por exemplo, pela visão de uma coisa muito bonita, como a Carolina Dickman. Meu queixo cai; eu babo. Só que em casos do gênero, temos que ser discretos e observar se a  cara metade não está por perto. Caso contrário, correremos um sério risco de ter o queixo caído literalmente, em decorrência de um belo direto acertado nele.
Também fico de queixo caído quando vejo a criatividade dos políticos para arquitetarem formas de enganar o povo, se apossarem dos recursos públicos e ainda saírem ilesos, incólumes, por cima, como se nada ilegal e imoral tivesse acontecido. É de cair o queixo a esperteza e a astúcia que esse pessoal tem para ludibriar todo mundo. Fico também boquiaberto de vê-los negar as acusações, claras e transparentes, na maior cara-de-pau, sem nenhum constrangimento, e ainda se fazendo de vítima, botando a culpa na oposição e na mídia. Com essa gente temos que adotar urgentemente uma outra postura, ou seja, ficar com a pulga atrás da orelha.
O topete levantado, ou crescido, já é um ato perigoso, pois que caracteriza mais uma bravata, uma situação de confronto, que pode levar a um desfecho desagradável, principalmente se tratando de mais de um topete crescido ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Costuma surgir daí uma baita confusão. Neste caso, já pode aparecer aí uma outra postura, que também caracteriza situações assustadoras e amedrontantes, ou seja, ficar de cabelo em pé.  Então, procuremos evitar o nariz empinado, o topete crescido e o cabelo em pé. Entretanto, procuremos ficar sempre de cabeça erguida, que é a melhor postura, pois não irrita, não agride e nem menospreza ninguém. E por que não de queixo caído sempre que houver motivo decente ou agradável?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A inveja peçonhenta e seus malefícios.

É inquestionável que a inveja é um sentimento mesquinho e perverso, se olharmos apenas um de seus lados, eis que há dois tipos de inveja. Há a inveja maligna, que consiste em desejar para si todo o bem precioso que o outro possue.  A pessoa dominada por este tipo de inveja pensa que o outro não merece nada de bom, dá por mal direcionado tudo o que outros possuem e que tudo deveria ser dela. Este tipo de inveja causa grande mal ao invejoso e ao invejado. É um sentimento perverso, que pode levar o invejoso a exterminar o invejado, consoante Caim fez a Abel, seu irmão, motivado pela suposição de que Abel tinha a preferência do pai, Adão, e também de Deus.
Por outro lado, há a inveja benigna, se é que podemos chamar assim, que, de forma aceitável, motiva o indivíduo a desejar bens semelhantes aos do outro, e não os do outro. Este tipo de inveja pode até ser benéfico, uma vez que ele impulsiona a pessoa a lutar para conseguir um bem semelhante ao que ela está invejando e desejando. Por exemplo: o Zé tem um carrão, o qual o Tonho acha muito bacana e tem uma baita vontade de possuir um igual. Como o Tonho não é dominado pela inveja má, ele deseja ter um carro igual, e não o que já é do Zé. Então, essa vontade vai motivar o Tonho a lutar para conseguir adquirir um carrão semelhante ao do Zé.
Desejar se equiparar aos outros é muito natural, desde que esse desejo não se transforme em inveja maligna ou mesmo num simples egoísmo. Imagina-se que todos, vez ou outra, sentem inveja de alguém. Temos inveja de muitas pessoas e gostaríamos de ser como elas. Temos inveja das pessoas bonitas, das inteligentes, das ricas e bondosas, das pessoas altruístas, das pessoas famosas que agradam ao público, das que têm muita saúde e outras boas coisas que a vida oferece. Eu, por exemplo, tenho uma inveja danada de quem sabe tocar um instrumento musical, como viola e sanfona. Se eu disser que não cultivo este tipo de inveja, estarei sendo hipócrita.  
No entanto, garanto que não se trata de inveja perversa, pois, não desejamos o que é dos outros para nós. Desejamos apenas coisas semelhantes. Neste caso, não queremos vencer ninguém. Um empate está excelente.  Todavia, falando por mim, não acho justo desejar somente as coisas boas que os outros possuem. Por que, então, nós não desejaríamos também as desgraças, as mazelas e os infortúnios dos nossos semelhantes? É ruim a gente desejar isso, hein!? Só desejamos coisas boas, o que é mais do que natural. Aliás, desde criança somos condicionados para isso, ou seja, desejar e possuir bens agradáveis aos olhos, ao coração, à mente e ao saldo bancário.
Dizem que “a ocasião faz o ladrão.” Assim, também o momento faz o invejoso, não obstante hajam aqueles que são dominados pela inveja de janeiro a dezembro.  Esses são praticamente doentes. Quando uma pessoa está passando por uma fase financeira difícil ou por outra dificuldade qualquer, por exemplo, ela costuma ter inveja de quem está com muito dinheiro ou em situação mais favorável. Quando estamos doentes ficamos morrendo de inveja de quem está com saúde. Verdade ou mentira? Observem que a situação da hora está criando um invejoso passageiro. No entanto, se for uma inveja moderada e não contaminada pelo ódio, não deixa de ser normal.  
Tempos atrás, lembro-me muito bem, eu fiquei desempregado, por opção minha porque não agüentava mais a pressão. Só que me arrependi muito de ter pedido demissão e entrei em depressão. Durante a depressão, eu ficava morrendo de inveja de quem estava trabalhando, enquanto eu estava ocioso e não tendo rendimentos.  Eu ficava com inveja até dos garis trabalhando, quando via a alegria do gari Zé Paulo. Para dizer a verdade, eu ficava com inveja até dos defuntos em cujos velórios eu ia. Quando ouvia anúncios de falecimento, eu ficava numa tremenda inveja do falecido, pensando na possibilidade de trocar de lugar com ele. Ô inveja besta, ein? Nunca mais quero ter!
Dizem por aí também que a inveja é uma merda. Quanta generosidade! A inveja é mais do que isso, é uma fossa cheia de merda. Ela é um buraco cheio de dejetos, onde chafurdam o invejoso e o invejado. O invejoso entra nessa fossa porque quer, porque é egoísta, é ganancioso e perverso. Entretanto, acaba levando junto o invejado, que, quase sempre, nada a ver com o assunto, às vezes nem sabendo o motivo da inveja que causa.   Eis que a inveja é tão perniciosa, tão nociva, tão nefasta, que acaba fazendo mal tanto ao invejado quanto ao invejoso. Há pessoas que não acreditam, mas muitas outras pensam que a vida do invejado costuma virar de ponta cabeça.
Todos deveriam evitar a inveja do tipo peçonhenta. Essa inveja perversa, que faz com que o objeto invejado vire alvo da ira do invejoso, cujo único desejo é se livrar do que lhe está incomodando e lhe fazendo concorrência.  Foi esse maldito veneno que causou o rompimento dos laços fraternos entre Caim e Abel, irmãos de sangue, fazendo com que aquele acabasse por cometer o primeiro homicídio da humanidade. É triste saber que a sanha assassina do homem foi inaugurada entre parentes e por motivo tão mesquinho. Nós que moramos em cidade pequena vemos todos os dias exemplos de situações dessa inveja maligna e, vez ou outra, suas conseqüências.
Uma palhaçada é o mínimo que se pode dizer sobre quem tem inveja peçonhenta de pessoas bem sucedidas na vida. Principalmente daquelas que se deram bem agindo honestamente. Neste caso, temos que ter admiração e desejo de seguir os bons exemplos. O que devemos fazer de mais correto é desejar que todas as pessoas se dêem bem na vida, pois quanto mais gente feliz houver mais segurança pública e mais paz social. Também não devemos ter inveja de quem subiu de maneira espúria, como sobem os políticos e alguns outros meliantes. Destes, temos que ter pena, pois sofrerão muito na hora de prestar contas ao Criador.
Lamentavelmente, há pessoas que têm inveja de tudo. Esquecem-se dos bens que Deus já lhes tenha dado, para desejar um bem do outro, não obstante os seus bens possam já ser melhores, mais volumosos e mais valiosos. Neste caso, a inveja cega a pessoa, que passa a não ver que o outro talvez só possua aquilo que ela está invejando, só pela perversa mania de achar que o sol pode brilhar só para si. Maldosa suposição, pois o sol nasceu para todos, apesar de que a sombra, de vez em quando, é muito melhor. Portanto, vamos eliminar a inveja maligna da nossa vida, pois, além de ser um grave defeito, uma mania feia que leva à destruição, é um cabeludo pecado capital.



domingo, 4 de dezembro de 2011

A DENTADURA.

Não se sabe por que as pessoas têm tanto preconceito e até repulsa contra as próteses dentárias, que no caso do usuário ser pobre passam a chamar-se dentadura. A bem da verdade, é preferível uma dentadura postiça bem cuidada a dentes naturais em condições ruins. Usuários de tal ferramenta bucal dizem que ela possui treis vantagens que os dentes naturais não possuem. Além disso, ela é considerada a terceira e última dentição. Segundo se sabe, no início seu uso é bem desconfortável, mas após poucos dias de treinamento, depois que boca caleja, ela fica muito fácil de ser usada, dispensando até a presença do manual de instrução, coisa que ninguém lê, mas que é recomendável tê-lo por perto para o caso de uma dúvida maior.

Antes de falar das vantagens principais da dentadura, lembrei-me de outra não muito decente e nada cristã: É o seu uso como moeda de troca. Alguns políticos, para variar de “modus operandi”, vez ou outra, trocam-nas por votos. Habituados que são a usar e abusar dos necessitados, os políticos não poderiam perder a chance de abusar dos carentes de dentes. Assim, mandavam confeccionar as pererecas em grande quantidade, tamanho único, obrigando o pobre coitado a usar dentadura incompatível com sua boca. Conheci uma senhora que foi premiada com uma jóia dessas. Ela passou a ter um sorriso forçado e constante, porque a dentadura não cabia na boca. Coitada, sofria mais do que mulher de leiteiro! Exceto as mulheres dos leiteiros da prefeitura, é claro.

Vamos às vantagens: Primeiramente, a dentadura é muito higiênica, tendo em vista a facilidade de fazer uma limpeza geral.  Portanto, é mais asseada do que muitas arcadas naturais e perfeitas vistas por aí. A segunda vantagem é que ela não dói. Se doer, é só tirá-la da boca e colocar dentro de uma gaveta ou num copo dágua. Aí ela pode doer à vontade que o feliz usuário não vai ser incomodado. Quem irá sentir a dor será o copo dágua ou a gaveta. E por último, ela pode ser usada para morder no próprio corpo. Outro dia ouvi um amigo falar assim: “Estou com tanta raiva de mim que se pudesse eu me mordia todo”. Como esse amigo possui dentes naturais, os únicos lugares em que ele poderia morder-se, seriam braços, mãos e língua.

Nesta situação, digamos que o usuário seja masoquista ou esteja com muita raiva de si mesmo e queira se submeter a um suplício para receber a lição ou o castigo que está a merecer. È só tirar a dentadura e morder no seu corpo, no local onde ele achar mais apropriado. Eu vi na TV um sujeito desafiar um outro, apostando que mordia na própria orelha. O desafiado perdeu a aposta porque não sabia que o gaiato usava dentadura.  No caso, até na própria nádega o sujeito consegue morder, basta apenas um pouco de contorcionismo. Com dentes naturais, nunca. Também vi na TV um animador, na rua, desafiando alguém a morder o cotovelo. Um usuário de dentadura levou o prêmio. Sob protesto da platéia que achou desleal, mas levou.

Consumada a ausência de dentes naturais ou estes estando irrecuperáveis, as vantagens ou utilidades da dentadura postiça não acabam por aí. Considerando o item estética, a dentadura dá uma boa corrigida na estampa da pessoa banguela, uma vez que os dentes formam o adorno da boca. E a pessoa desdentada, está na cara, nunca pode vangloriar-se de uma boa aparência. Em seguida, nesta situação, a perereca ajuda a evitar a obesidade, levando-se em conta que os alimentos podem ser bem mastigados para ser bem digeridos. Não é necessário ser doutor para saber que alimentos engolidos inteiros ou mal mastigados sempre provocam obesidade. Há muitos obesos, cuja causa não é outra, senão esta. Olha a aparência aí, de novo!

Finalizando esta “obra de arte”, pergunto-lhes: Então, caros leitores, há ou não alguma vantagem em ser usuário de prótese dentária, ou, como preferirem, aquela peça bucal popularmente conhecida com dentadura ou perereca?  No caso de usuário rico, é prótese dentária ou implante, que é mais chique; no caso do usuário ser pobre, é dentadura ou perereca.  Assim, nem tudo o que é discriminado ou considerado ruim vem só para piorar a vida da gente. Vez ou outra, um defeito, uma anomalia ou uma deficiência podem trazer alguma vantagem para seu portador. Junto às desculpas, peço-lhes também não morderem o próprio corpo devido à raiva que sentirão deste “magnífico” texto. Muita calma nessa hora! Ninguém é perfeito, né?!


domingo, 27 de novembro de 2011

O SAPATO APERTADO.

Os chineses antigos diziam assim: ´”Se você quiser se esquecer de seus problemas, calce um sapato apertado.” É uma grande verdade, pois quem passa pelos tormentos de um sapato apertado não consegue pensar em mais nada a não ser no desconforto causado por ele. É uma situação tão massacrante, que se a pessoa insistir, mantendo o sapato no pé, acaba desmaiando. Sendo assim, eu não recomendo a ninguém calçar sapato apertado, entretanto sugiro transformar os problemas dos nossos irmãos em nosso sapato apertado.

Se adotarmos o procedimento de preocupar com os problemas dos outros, esqueceremos os nossos, pelo menos por algum tempo. Agindo assim, poderemos ver que nossos problemas, ou até supostos, são menores do que os de muita gente ou, às vezes, nem existem. Isto não significa que devemos ficar só pensando nas outras pessoas e esquecer de nós mesmos. Não, nossos problemas, não importando sua dimensão, também carecem de resolução. Cada pessoa sabe da importância que tem para si mesmo e, talvez, para outras pessoas.

Dia desses tive mais uma prova desta verdade que ora exponho. Eu e uma senhora, uma nova e boa amiga, tivemos uma conversa sobre o problema de uma outra pessoa, como também procuramos achar uma forma de ajudar a resolver. Esta minha amiga, além de ser deprimida, estava, no momento, curtindo uma baita enxaqueca. Conversamos bastante sobre o problema da outra pessoa motivo da conversa, quando acabamos encontrando uma forma de ajudar a resolver. Também conversamos sobre assuntos do dia a dia, inclusive política em Arcos. Credo em cruz!

Ao terminarmos o assunto, cerca de meia hora depois de iniciado, minha dileta amiga me disse assim: -“Vou te contar uma coisa que você não vai acreditar. Minha depressão e minha enxaqueca sumiram. Agora não estou sentindo nada. Só muita paz! Nossa conversa curou minha enxaqueca e me fez esquecer da depressão.” Emocionado, eu disse apenas “Que bom; graças a Deus”! Em seguida comentei com ela a máxima do sapato apertado, bem como a prova que acabáramos de obter. Minha amiga ficou tão envolvida com o problema alheio que acabou se esquecendo dos seus.

A gente pode nem perceber, mas é isso mesmo o que acontece quando nos envolvemos espontaneamente com problemas dos outros, os quais possam ser do nosso conhecimento e passíveis de serem resolvidos com a nossa ajuda. Pelo menos no espaço de tempo em que estamos envolvidos, a gente acaba, sem perceber, deixando as nossas atribulações de lado. Com um pouco de sensibilidade, frente à comparação da natureza e da gravidade dos problemas alheios, acabamos percebendo que temos, quase sempre, mais soluções do que problemas.

Portanto, quero dar um conselho aos amigos, pois conselhos e flores a gente dá somente a amigos. Aqueles que ainda não adotaram este procedimento, doravante adotem-no. Garanto, por experiência própria, que ninguém sairá no prejuízo. Para esquecer ou diminuir nossos problemas, por mais graves que possam ser,  não há nada mais salutar e cristão, diga-se de passagem, do que se envolver, criteriosamente, é claro, com o problema do nosso irmão. Enquanto estamos cuidando do problema alheio, Deus, em sua infinita justiça, estará cuidando dos nossos. É muito melhor do que calçar um sapato apertado. Eu garanto!


sábado, 19 de novembro de 2011

Orgulho de ser arcoense.

Dia desses numa conversa amistosa alguém me disse que o nosso prefeito é bom, mas os assessores são ineficientes. Entretanto, vou discordar um pouco do amigo defensor apenas no tocante à equipe, uma vez que, além de não ser todos, pois vários são bem eficientes e solícitos, ela foi escolhida pelo prefeito. Esta importante tarefa, como se sabe, é de responsabilidade do gestor mor.  Portanto, ele é responsável pelo sucesso e pelo fracasso da equipe. Havendo sucesso, o mérito é do gestor; no fracasso, a culpa é do secretariado? Assim não é justo, pois o bom chefe deve assumir a responsabilidade pelos erros de seus comandados. Ou protegidos!

No caso das nomeações daqui, pode até ser que os “sortudos” tenham forçado para serem escolhidos. Entretanto, caso tenha realmente havido pressão, o prefeito aceitou-a porque quis, certamente pensando em retribuir favores eleitoreiros. Não se sabe como podem ter lhe favorecido, mas os interessados têm o direito de pensar que sim. Mesmo não tendo nada a ver com o assunto e nem poder para tal, também faço restrição a certas escolhas, uma vez que pessoas competentes e íntegras de Arcos foram preteridas. Nem de longe é o meu caso, pois, além da minha inaptidão, prefiro não me envolver com políticos, pois vivi até hoje sem depender diretamente deles.  

Nenhuma Prefeitura, mas nenhuma mesmo, de onde quer que seja, podia ser cabide de emprego de forasteiros sem mérito e que não se submeteram a concurso público. A Câmara de vereadores devia olhar essa questão. Entretanto, quem logra aprovação em concurso público, nativo ou forasteiro, faz por merecer um bom e bem remunerado cargo. No caso daqui, centenas de arcoenses ficaram aborrecidos com tal fato, mas poucos se manifestam com receio de se passarem por interesseiros.  Este vacilo continua entalado na goela de muita gente, até de próprios companheiros do nosso gestor, conforme se escuta por aí, saindo da boca de pessoas desinteressadas.

Outro dia alguém replicou aqui no Portal um assunto semelhante, sugerindo ao reclamante fazer concurso público. Por acaso os escolhidos do prefeito fizeram concurso para ocupar os cargos de confiança que ora ocupam? Por que os daqui teriam, então, de fazer? Nossa cidade não pode continuar sendo a madrasta que é para seus filhos legítimos. Houve época em que nenhuma grande empresa, de fora instalada aqui, incluindo bancos, tinha um arcoense como gerente geral. Muitos arcoenses capazes foram brilhar lá fora. Em se tratando de empresa privada e órgão público estadual ou federal, este fato é normal, mas na prefeitura, que é órgão do município, é lamentável.

No entanto, quero dizer alto e em bom tom, que tenho muito orgulho de ser arcoense, pois nossa cidade, apesar de alguns políticos e dos problemas internos criados por eles, causa inveja a muitas outras do mesmo porte ou até maiores. Além disso, aqui tem muita gente boa e solidária, tanto os nativos quanto os forasteiros que aqui chegaram para crescer e ajudar a cidade crescer também. Se não fosse pelo adjutório dos forasteiros emigrantes Arcos não seria hoje o que é, essa cidade alegre e palpitante, que surpreende até quem passa curto tempo longe daqui. Enfim, toda cidade é a cara de seu povo e se confunde com ele. E Arcos não foge à regra.



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tratamento dos Dependentes ou Incentivo ao Tráfico?

Em vez de o governo tomar medidas para coibir certo tipo de delito, ele as toma para incentivar. É exatamente isso o que está sendo feito agora em relação ao tráfico de drogas. No lugar de medidas enérgicas para combater o tráfico, o governo acaba de tomar outra que vai incentivá-lo, ou seja, o tratamento terapêutico dos usuários de drogas. Tratar dos viciados em drogas vai ser um convite ao aumento do número de usuários, os quais vão se sentir motivados pela existência do tratamento gratuito. Agora é que vaca irá para o brejo; agora é que a coisa vai degringolar de vez.  

O tratamento citado será gratuito e remunerado, diga-se de passagem, já que a família do recuperando vai abocanhar uma parte do valor destinado a cada paciente. A clínica fica com uma parte, maior, a família fica com a menor. Enquanto não há tratamento custeado pelo governo, as pessoas cuidam-se mais e se arriscam menos a experimentar as drogas, temendo viciarem e não terem como pagar o tratamento. Já que o governo vai pagar, muitos curiosos vão se aventurar no tenebroso mundo das drogas. “Ah! Se eu me envolver o governo paga o tratamento!” É assim que vão pensar. E agir.

Enquanto isso, os doentes normais, cotidianos e involuntários, padecem nos corredores fedidos dos hospitais, sofrendo os maiores tormentos, porque os governos dizem não ter dinheiro para melhorar o precário sistema de saúde. O que é ainda pior, esses doentes costumam ter suas doenças agravadas mais ainda, exatamente por causa da assistência demorada, isto quando tem a sorte de consegui-la. Para assistir esse tipo de doente, que merece todo o respeito porque não é culpado pela doença, o governo não tem recursos; para os drogados irresponsáveis o recurso vai aparecer.

Há que se ressaltar que os portadores de doenças normais não as contraem porque querem. Por outro lado, os usuários de drogas entram no vício porque querem, por falta de limites, falta de vergonha na cara, falta de respeito a si mesmo e falta de amor aos familiares, pai e mãe, principalmente. Ninguém precisa de droga ilícita para viver. A menos que a pessoa queira morrer mais cedo e matar a família aos poucos, de desgosto, já que esta sofre por demais vendo um membro querido se destruindo nas drogas. Se a droga é considerada ilícita, deve ser porque o efeito é nocivo e desastroso.

Enquanto os governos e a lei estiverem paparicando o usuário como se ele fosse um coitadinho, a situação só tende a piorar. Se a lei não tivesse parado de punir os usuários, a situação não teria chegado ao ponto em que chegou. Quando a lei punia não era assim. Muita gente evitava o vício temendo ser enquadrada na lei. É verdade que a população aumentou, mas o número de usuários teve um aumento desproporcional. Isso vem provar que a maioria das pessoas só evita o erro por receio da lei. A não ser coerção e repressão, nada mais as fazem proceder direito.

Será que o governo ainda não percebeu que prevenir é melhor do que remediar? Pois, o tratamento oferecido pelo governo nada mais é do que um remédio, e de eficiência duvidosa, pois o índice de recaída poderá ser grande, já que a oferta de drogas continuará.  Será que o governo ainda não desconfiou que a eliminação dos traficantes ficaria muito mais barata do que o tratamento do viciado? E, o que é melhor, de efeito mais duradouro, pois traficante eliminado não trafica. A eliminação de uns acabaria por desestimular a entrada de novos traficantes. Seria um sossego para todos.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

“NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO!”

Sou católico, apostólico, romano, e tento levar a sério minha religião. Não faço tudo o que devo, mas faço o que posso. Nasci sob a bandeira da Igreja Católica, nela fui batizado e pretendo segui-la até meu último dia aqui na terra. Não foi opção minha, mas estou satisfeito com ela, apesar das imperfeições. Pelo que sei desde criança, é a única igreja fundada por Jesus Cristo. Todas as outras vieram depois e foram criadas por homens comuns, por motivos vários. Hoje, algumas igrejas têm sido fundadas por espertalhões, que sabem como ganhar muito dinheiro sem fazer força e se transformar em prósperos empresários, se aproveitando da boa fé e do desespero das pessoas que estão em busca de lenitivo para suas atribulações.
Eu bem sei que religião não salva ninguém, mas temos que ter uma para regrar nossa vida, bem como criar um elo entre nós e o Dono do nosso destino. Na verdade, são nossas atitudes decentes e cristãs que nos favorecerão na hora do acerto final. Sendo assim, respeito e admiro bastante os irmãos evangélicos que levam a sério sua crença e sua fé, e a grande maioria age desta forma. Também aplaudo suas manifestações públicas, sem objetivos financeiros, como a Marcha para Jesus, por exemplo. Inclusive acho que eles são mais fiéis e mais disciplinados do que nós católicos. Alguns até exageram nos rigores consigo mesmos.  Só a afinidade que eles têm com a Bíblia é uma prova cabal de fidelidade.
No entanto, devemos desaprovar e repudiar veementemente a atitude de alguns pastores gananciosos, que só pensam em dinheiro, em enriquecimento pessoal, e só vêem o fiel seguidor como um cofrinho, como uma fonte perene de recursos que lhes assegura as maiores mordomias. E tudo em nome de Deus! Há uma meia dúzia de pastores evangélicos e pentecostais, que estão podres de ricos à custa da fé e da inocência de seus seguidores. Eles inventam os nomes mais mirabolantes para camuflar a exigência financeira. Sei muito bem que minha igreja também pede, mas o faz com moderação, sem pressão e sem extorsão.  Em minha paróquia, há dizimistas que oferecem apenas um real por mês.
Todos sabem que pastores ladinos e sem escrúpulo vendem toda sorte de milagres e curam todas as doenças, mas só de mentirinha, de faz-de-conta.  Na verdade, eles não canalizam nenhum milagre e nem curam doença alguma.  Tudo aquilo que a gente vê ao vivo e na TV é só teatro e encenação para iludir os incautos. Quem acredita, merece ser enganado e explorado financeiramente. Eu penso que Deus não aprova tais atitudes. Deus querendo se manifestar a favor de alguém, Ele o fará através de qualquer um, e sem cobrar nenhuma taxa. O Deus verdadeiro não é interessado em dinheiro. Se fosse, Ele ajudaria muita gente a ganhar na loteria, tendo em vista as generosas promessas que o jogador faz para conseguir acertar o prêmio.
 Considerando que no mundo material a pessoa endinheirada consegue adquirir as melhores mercadorias, temos que alongar o assunto referente ao mercado de graças e milagres. Assim, os ricos, até pagando ágio ou corrompendo, comprariam as melhores graças, deixando o refugo para os mais pobres. Escolheriam as graças top de linha, completas e luxuosas, enquanto aos pobres restariam aquelas mais simples, básicas, “pé-de-boi”. Talvez os pobres nem pudessem adquirir graças novas, zero km, tendo que se conformar com graças de segunda mão, usadas, e, se der sorte, em bom estado de conservação. Afortunadamente, Deus não exige nosso dinheiro, mas o bom conteúdo do nosso coração. Dinheiro é muito bom, mas Deus não escolhe quem tem mais.
É óbvio que toda igreja, inclusive a minha, precisa de recursos para se manter em atividade, incluindo salários de padres, pastores, auxiliares, e outras despesas que todos pagam, como água, luz, etc. Inclusive há inúmeros pastores, de dedicação exclusiva, que precisam dos recursos da igreja para manterem a família. Entretanto, o dinheiro para sobrevivência é uma coisa modesta, de pouca monta, muito diferente da fortuna necessária para adquirir empresas milionárias, frota de aviões a jato, helicópteros, mansões nas capitais ou cidades chiques do mundo, latifúndios, haras e manadas de cavalos de raça, e outras regalias inerentes aos milionários. Dinheiro para obras da igreja, positivo; para enriquecer pastores fanfarrões, negativo.
Sendo assim, e considerando as fraquezas do ser humano, temos que policiar nossos guias espirituais para não caírem na tentação da riqueza, da ostentação e do dinheiro fácil. Oremos também para que os gananciosos atuais façam uma introspecção e parem de vender as coisas de Deus como se elas fossem mercadorias banais, as quais todos podem sair vendendo por aí, como se fossem camelôs celestiais. A qualquer momento Deus vai se zangar e mandar um terrível castigo sobre eles. Aliás, já está passando da hora de receberem uma boa cacetada divina.  Pelo menos da hora desejada por mim, já passou. Igual à dos homens, a justiça de Deus demora muito. Só que a de Deus sempre vem; a dos homens nem sempre.

sábado, 22 de outubro de 2011

SER CIDADÃO.

HÁ MUITOS anos um professor nos disse em sala de aula que cidadão é aquela pessoa que possui um título de eleitor, ou seja, que tem o direito de votar. Ou o conceito de cidadão mudou ou esse professor estava desinformado. O conceito de cidadão é muito mais amplo e muito mais completo, não se restringindo apenas ao direito a um controvertido, e, muitas vezes, mal utilizado voto. Se assim fosse, os vocábulos iludido, enganado e desrespeitado seriam sinônimos do vocábulo cidadão, pois é assim que os políticos fazem com o portador de um titulo de eleitor.

PRIMEIRAMENTE, ser cidadão é entender e respeitar que nosso direito acaba onde começa o do outro. Não há como ser cidadão se não se respeita as normas impostas pela vida em sociedade. Isto não diz respeito apenas às normas escritas nos códigos legais de comportamento, mas também àquelas que existem pela consagração popular, ou seja, as que estão escritas apenas em nossa mente e no nosso coração.  Estas são mais direcionadas para o lado humano das coisas, uma vez que nos lembram que não devemos fazer ao outro o que não queremos para nós.

SER CIDADÃO é pagar os impostos em dia, mesmo sob protesto, porque se sabe que os políticos irão desviá-lo, no todo ou em parte, para suas contas pessoais. Ser cidadão é preocupar-se com os cachorros de rua, conforme muita gente está se manifestando aqui. Ser cidadão é estacionar seu carro de maneira correta, sempre tendo em mente que não se está impedindo o outro de estacionar ou de movimentar o seu. Ser cidadão é dirigir com toda a cautela, não se fazendo de rogado e entrando numa rotatória sem antes observar se o outro não chegou antes de você.

SER CIDADÃO é não jogar lixo nas vias públicas, e, principalmente animais mortos para exalarem mau cheiro perto dos outros, conforme alguns fazem por aí. Denunciar quem age dessa forma também é ser cidadão. Ser cidadão é pagar nossas contas em dia, para que os nossos credores também sejam cidadãos pagando as deles. Ser cidadão é ganhar um salário miserável como muitas pessoas ganham e, mesmo assim, não se apossar das coisas alheias. Ser cidadão é respeitar as diferenças entre as pessoas, tentando consertar o que for possível e aceitando o não passível de conserto.

ALÉM DAS formas citadas acima de ser cidadão e manifestar a cidadania, existem inúmeras outras que exigem de nós a prática do mesmo sentimento.  Para isso, basta a gente conhecer nossos deveres e nossos direitos. Quanto aos direitos, não precisamos nos preocupar com eles, pois estes a gente usa se quiser; não é obrigado. O dever já é um pouco diferente, pois somos obrigados a cumpri-los. Assim, se todos cumprirem fielmente o dever, dificilmente aparecerá alguém reivindicando seus direitos. O dever cumprido de um sempre atende ao direito de outro.

ENFIM, ser cidadão é adotar a prática de atos que vão ao encontro dos interesses da pessoa que os pratica, sem ir de encontro aos interesses das demais pessoas envolvidas. Ser cidadão é viver em harmonia com tudo e com todos. A cidadania consiste em viver de acordo com a reta razão e a vontade de Deus. No entanto, nenhum ser humano pode assumir o compromisso de ser cidadão a todo o momento, devido à própria condição humana, que é cheia de falhas e imperfeições. Todavia, havendo boa vontade, boas intenções, interesse pelo bem dos outros viventes já terá sido um ótimo começo.

COMO SE VÊ, há muitas formas de ser cidadão e a todo o momento a gente se depara com uma delas. No entanto, entre elas, em minha opinião, a mais infrutífera acaba sendo exatamente aquela a que o tal professor se referiu, como se fosse a única. Considerando o procedimento nefasto da maioria dos nossos políticos, não compensa ser cidadão dessa forma. Possuir um título de eleitor para votar nesses políticos maus caráter que pululam no país, e depois assistir, impotente e decepcionado, a sucessão de falcatruas, não é exercício de cidadania. É, antes de tudo, ser imbecil, idiota, burro. Se ser cidadão fosse só isso, eu preferiria não sê-lo.



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O BOM HUMOR.


O bom humor é uma característica marcante no psiquismo das pessoas. È um estado de espírito que permite ao seu portador influenciar o espírito das outras pessoas. Assim, imaginava-se que as pessoas bem humoradas conseguiriam agradar mais às outras, ou mesmo apenas desagradar menos. Mas, há controvérsias em relação a isso, já que tudo nesta vida tem seus opositores.
Parece que a maioria das pessoas se acostumou a viver azedamente, em guerra com o mundo, o que as faz rechaçarem as outras dotadas de bom humor. Por que será que as pessoas bem humoradas incomodam tanto as mal humoradas ou as indiferentes? Será azedume próprio, inveja peçonhenta ou antipatia gratuita?  Há pessoas que são avessas à alegria. Eu conheço uma pessoa, muito boa, que nunca emitiu um sorriso.
Sabe-se que o mensageiro maior do bom humor é o sorriso. Além de não deixar de ser uma atividade física, o sorriso é também uma atividade da alma. Para sorrir, a pessoa utiliza cerca de 10 músculos do rosto contraindo o diafragma da face; enquanto que para ficar sério, sisudo, utilizam-se cerca de 20 músculos. Então, o sorriso, além de ser mais agradável, acaba também sendo mais econômico.
Ninguém tem o direito de criticar as pessoas bem humoradas só porque as opiniões divergem. Não devemos dizer que a piada do outro é sem graça só porque nela contém uma opinião diferente da nossa. Na verdade, podemos não concordar com ela porque o assunto não está nos agradando, mas o humor em si nada tem a ver com isso. Se ele existir no fato, não há como nega-lo.  
Sabe-se que há momentos em que a pessoa esteja passando por alguma dificuldade, ou imbuída de alguma preocupação, não estando propensa a uma brincadeira até agradável ou não está receptiva a uma piada, mesmo esta sendo de bom gosto. Porém, o simples fato de o humor provocar sorrisos já é uma grande conquista, até pelo simples fato de que sorrir é melhor do que chorar. Sem dúvida!
Este modesto cidadão metido a escriba, que ora abusa da sua paciência, já foi criticado e ironizado por causa do bom humor. Porém, não me incomodo com isso, uma vez que nunca ouvir dizer que um bom humor equilibrado e respeitoso fizesse mal a alguém. Não é verdade que dizem por aí que sorrir é o melhor remédio? Pois então! E é certo que muitos sorrisos originam-se em situações de bom humor.
Que pessoas sejam diferentes, tudo bem, tudo certo. Mas daí a generalizar e achar que toda manifestação de bom humor é condenável não é de bom tom, pois o defeito pode estar em que está criticando e não no objeto de humor então criticado. Se meia dúzia não gosta, há dezenas, centenas, milhares ou milhões que apreciam. Sempre houve pessoas que são contra tudo, só pelo prazer de sê-lo.
Que o digam os humoristas profissionais! Tais agentes lotam salões pelo mundo afora, de todo tipo de público, pagando entradas caras, a fim de vê-los atuando e exercitando seu humor, o qual pode ser sem graça para uns, porém engraçado e agradável a outros dotados de mais sensibilidade, de mais capacidade de entendimento, e, naturalmente, de mais senso de humor.
Este texto não foi escrito para falar sobre humoristas, mas sim, sobre o bom humor. No entanto, como as duas coisas estão intimamente ligadas, o assunto não deixa de vir à tona. Falar em bom humor sem mencionar seus agentes é como falar de queijo e não se lembrar da goiabada; é como degustar um sanduíche desacompanhado de uma coca. Enfim, é como falar da cidade eterna, Roma, sem se lembrar do Papa.
Portanto, "sorria, mesmo que seu sorriso seja triste, pois mais triste do que um sorriso triste é a tristeza de não saber ou não poder sorrir".

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Carta à Arcoense do Mural de Recados.

Quanto ao seu recado do dia 21/09, destinado à População, desejo fazer alguns comentários, agora que disponho de mais tempo, pois tive que me ausentar de Arcos por alguns dias.  No entanto, este texto está pronto desde 30/09, mas depois de seu último recado me senti motivado e até no dever de posta-lo, porém sem intenção de alimentar confrontos e ingrisias, e também para tentar me fazer entender melhor. Se puder entender meu propósito, ficarei muito grato. Depois, se quiser me procurar pessoalmente estarei à disposição. Então, vamos ao assunto:
Primeiramente, não estou preocupado com o fato de saberem quem se cognominou Patativa.  Sou um cidadão comum, não devo nada a ninguém, principalmente à justiça.  O único problema é aquele inerente às cidades pequenas, onde todos se conhecem e quase ninguém perdoa ninguém, mesmo quando se está dizendo a verdade. Principalmente quando o ninguém a ser compreendido ou perdoado é de origem humilde, de família pobre, sem prestígio social, conforme a minha. Em cidades pequenas as pessoas, mesmo sendo dignas, são respeitadas pelo seu “ter”, e não pelo “ser”, salvo honrosas exceções. Nada tenho a esconder, pois tenho o direito de escolher o lado político mais racional, até porque não tenho nenhum interesse pessoal. Aliás, nem gosto de política, como também detesto alguns políticos.
Sobre isso, já disse aqui que se eu fosse um seqüestrador, ia me especializar em raptar políticos e fazê-los devolver ao povo tudo o que roubaram. Eu ia ter muito trabalho, mas tentaria assim mesmo. Dentro de pouco tempo eu teria vários adeptos em todo o país, o que transformaria o Brasil num grande cativeiro, com muitos seqüestros em andamento, aguardando a família do seqüestrado devolver os bens subtraídos. Neste caso, não seria um Robin Hood, porque este tirava dos ricos e dava aos pobres, seria apenas um justiceiro fazendo o que a lei brasileira nunca se dignou a fazer plenamente, permitindo aos dilapidadores do Erário Público ficar livres e ricos, debochando do povo sofredor e das instituições enfraquecidas por eles mesmos, com suas habituais falcatruas. .
Em segundo lugar, quero esclarecer que não tenho a intenção de desmoralizar nenhuma pessoa ou órgão, pois não possuo respaldo para isso. Apenas faço críticas, moderadas, a fatos concretos e conhecidos por todos. Comento sobre atitudes de um governo que, depois de tanta luta para eleger-se, tinha tudo para ser uma boa novidade, tendo em vista as promessas de renovação, mas que começou de maneira equivocada. Como equívocos que desapontaram parte da população cito apenas três: a festa da posse por conta do erário público; a concessão de cargos de confiança a pessoas que nada têm a ver com Arcos; e, por fim, a construção precipitada do lajão. Isso não se trata de azedume de eleitor derrotado, mas de constatação do desapontamento das pessoas que nos falam sobre os fatos.  
Conforme já declarei aqui, eu não votei no atual prefeito e votei em apenas um vereador, mas isto não significa que os escolhidos por mim são os únicos bons, não.  Os outros também podem ser. Apenas tentei escolher os que eu considerava melhor na época. Quanto ao legislativo, eu generalizo os treis níveis, e não todos os membros de cada um. Eu sei que há senadores, deputados e vereadores que prestam, embora não seja a maioria. Entretanto, a desmoralização de que eles, os legislativos, desfrutam foi criada por eles mesmos, uma vez que são gananciosos, perdulários e pródigos ao gastarem os recursos públicos em detrimento dos interesses maiores da sofrida população brasileira. Exemplo: dinheiro para dar aumento justo aos professores não há, mas não reduzem um centavo na verba destinada aos legislativos.
Em seguida, garanto-lhe que não pago para postar nada, pois não teria nenhuma vantagem se tivesse que fazê-lo, já que não tenho nenhum interesse pessoal. Se há alguém pagando, na certa não sou eu. Eu gostaria é de receber algum “cascalho”. Pedrada, não! Como você está se queixando dos bloqueios, eu também me queixo. Só que o Moderador não divulga minhas reclamações quanto a isso porque são muitas. Mesmo assim, eu não penso que o Portal receba algum valor para divulgar ou não mensagens contra ou a favor das pessoas que ora administram Arcos.  Penso tratar-se apenas de imparcialidade. Então, pode tirar essa suposição da cabeça, pois as publicações são gratuitas, desde que enquadradas no regulamento do site. Prefiro pensar assim.
Por fim, sem por gasolina no fogo, quero lhe perguntar por que no seu recado você não citou o mais implacável e contundente adversário político da atual administração, o Antônio Vitor, restringindo-se a citar Patativa, Palito e Nelson Morais?  Será que é porque os citados não possuem a carapaça protetora que o Antônio Vitor possue? A carapaça a que me refiro é a tradição familiar, muito antiga, e a influência de seu pai, um político decidido e acima de suspeitas. Eu, muito menos do que Nelson Morais, possuo tradição familiar, bem como nenhuma influência política. Quanto ao Palito nada sei dizer, por que não o conheço, mas acho que também não se enquadra no mesmo perfil do Antônio Vitor, senão não teria sido citado. Olha, não precisa se dar ao trabalho de responder, só pense nisso.
Antes de terminar, quero esclarecer que não sou generalista. Se o fui alguma vez, foi por descuido de minha parte, já que sempre gostei de repetir que toda regra tem exceção e também de usar termos adequados à exclusão de inocentes, alheios ao meio citado. Nunca achei justo confundir o todo com a parte, ou vice-versa. “O erro de um só frade não pode condenar todo o convento”. Consoante você disse, eu lhe magoei profundamente incluindo seu ente querido no rol dos censuráveis. Caso isso tenha acontecido e tenham si sentido INJUSTIÇADOS, espero que me desculpem e não vistam carapuça de bitola errada. Lembrem-se de que toda afirmação, insinuação ou carapuça têm a destinação predefinida. E quem a merece, se for pessoa dotada de alguma consciência, costuma entender a mensagem.
Portanto, quem não deve, não precisa temer. Em sendo atingido e não merecendo, é só se manifestar da forma desejada, dizendo que não faz parte daquele rol, bem como exigindo retratação. Entre o céu e a terra, sempre há uma explicação para quase todas as falhas humanas.  A própria lei codificada dos homens dá a todos o direito de defesa, até mesmo a quem a gente julga não merecer.  Se alguém me ofender ou agredir injustamente, apresento minha réplica e peço retratação. E é isto que estou, em parte, fazendo agora, ou seja, me retratando. Subterfúgios, explicações, desculpas, perdão e outras formas de amenizar conflitos foram feitos para ser pedidos e concedidos a quem os pede e os merece.  Assim, se eu merecer, queira me desculpar, inclusive pelo tamanho deste texto. Um abraço, obrigado e até mais ver.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A FOME E A GREVE.


Sinceramente, tenho muita pena de quem sofre o flagelo da fome. Já passei por isso e sei como é duro não ter o que comer já logo pela manhã. É uma situação muito triste, que costuma levar a pessoa ao desespero, até fazendo-a desviar do caminho do bem. Tem que ter linhagem decente para não ser pervertido pela necessidade de conseguir alimento. A fome costuma ser a porta de entrada para o delito.
Compadeço tanto das pessoas famintas que nunca deixei de socorrer algumas que encontrei na estrada da vida. Na verdade, não fiz nada mais do que o meu dever. Não fiz nenhum favor a ninguém. O maior favorecido fui eu mesmo, pela graça que Deus me deu de estar socorrendo, e não sendo socorrido. É um raciocínio muito simples. Não tem segredo nenhum; qualquer um chega a essa conclusão.
Porém, quanto à greve de fome tenho dupla visão a respeito. Quando ela é justa, penso que quem tem o poder de evitá-la deve fazer o máximo para que tal suplício não aconteça. Quando o grevista está reivindicando uma medida justa, que trará benefícios numa ponta sem prejudicar a outra ponta, eu penso que nada deveria impedir o atendimento dos seus objetivos, visto que a fome é um martírio muito grande, principalmente quando não se tem o que comer.
Quando se tem o alimento, a história é bem diferente. Quanto a ter ou não ter o que comer, tem gente que diz assim: “Ah, eu prefiro ter fome e não ter o que comer a ter o que comer e não ter fome”! Nossa, que bobagem! Que maluquice!  Que tremendo mau gosto! Que o digam os que já passaram fome por um ou outro motivo. Qualquer motivo é doloroso, mas por não poder possuir o alimento é muito mais.
Assim, a própria greve de fome já é uma loucura. O grevista é o seu próprio algoz. Quanto a ter ou não o alimento, não obstante a insignificância da minha opinião, eu já penso o contrário. Sem sombra de dúvida, eu prefiro ter o que comer e não ter fome, pois a hora que eu tiver fome, a comida está aí. O caro leitor já pensou em estar com fome e ainda ter que conseguir comida?! Eu, hein! 
Alimentar-se, comer, ou encher a pança, além de ser uma atividade essencial à sobrevivência, é um dos bons prazeres da vida. As pessoas que não praticam esta atividade por escassez de recursos são dignas de piedade. Agora, quando a greve de fome é por motivo banal, pessoal ou pirraça, eu penso que o grevista devia ser deixado à vontade, a mercê de sua sorte. Quer ser o carrasco de si, que o seja!
Estou ciente de que este assunto não interessa a ninguém, mas já que vez ou outra alguma mídia o traz à tona, lembrei-me de um amigo que está fazendo grave de fome em protesto à greve de sexo que sua mulher está lhe fazendo. Segundo ele, ela está agindo assim em protesto a um suposto escorregão que ele teria dado. Ele jura que não, mas ela não acredita. Segundo ele, a greve é a única forma de fazê-la acreditar.
O meu amigo já emagreceu bastante; está tão magro que está com receio de ficar exposto ao vento. Já avisei a ele dos riscos que está correndo, mas ele disse que quer dar um susto na mulher. Só que o susto pode ser bem grande, podendo até transformar-se num velório. A fome quando não mata, no mínimo ela faz o indivíduo descobrir ou confirmar, de uma maneira muito dolorosa, que o mundo gira.
No entanto, nos últimos dias, o grevista citado acima deu uma boa arribada.  Parece que ele encerrou a greve em casa ou está comendo fora. Quanto a ela, a esposa, pelo tecido adiposo adquirido neste meio tempo, parece que comeu o dobro, além de...... Bem, deixa pra lá!  Como já dizia o meu grande amigo Godofredo: “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.  Agora, quanto à fome, exorto-os a ajudarem matá-la sempre que ela mostrar sua cara medonha. Matar a fome alheia, de quem não dispõe de armas para matá-la, não é crime; é uma benção divina!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O ADITIVO.

Em gramática, aditivo é uma partícula que liga duas palavras ou uma frase à outra, para completar o sentido do conjunto. As mais comuns são “e” e “nem”. Em química, é uma substância que é adicionada à outra para agregar valor ou aumentar eficiência da primeira. Exemplo, gasolina aditivada; leite vitaminado. Em matemática, é uma soma, um acréscimo. Enfim, uma adição.
Em administração pública, o aditivo é uma estratégia, uma esperteza, uma rasteira, uma falcatrua, uma maracutaia, um golpe, um conluio, tudo muito usado pelos gestores para aumentar o preço das obras públicas, e, por conseguinte, sobrar vultosas quantias para serem rateadas entre os envolvidos na ocorrência. Assim, fica tudo do jeito que o Quinzinho e o Ditinho gostam.
Nesse setor, o bendito aditivo é usado da seguinte forma: Numa concorrência pública, um empresário amiguinho do gestor dos recursos, após um prévio, particular e sigiloso acordo, em que recebe informações privilegiadas, apresenta em sua proposta um preço menor, impraticável, e vence o certame, na maior deslealdade com os demais concorrentes não sabedores do conluio prévio.
Depois de tudo “legalmente” decidido, o empresário vencedor, coitado, “muito inocente”, percebendo que vai perder dinheiro no cumprimento do contrato, solicita um aditivo, ou seja, um aumento de preço, no que é prontamente atendido. Aliás, raramente se fica sabendo de aditivo para baixar o preço de um contrato, mas para aumentar, acontece todo dia. É batata!
Assim, o aditivo é usado em todos sentidos: gramático, matemático, químico e econômico. No gramático, o aditivo não é muito bem usado porque a afinidade deles com a Linguagem é pouca, mas nos outros sentidos é satisfação geral. No matemático, como grandes mestres que são, eles somam o número de contas correntes e multiplicam o saldo bancário.
No econômico, pela mesma forma, somam e multiplicam os bens pessoais duráveis, como imóveis urbanos, fazendas, grandes rebanhos, casas de veraneio, automóveis, depois de dividirem entre si o produto do roubo. Por outro lado, somam mais miséria ao povo, enquanto multiplicam a decepção, o desânimo, a aversão e o ódio justificado do povo contra eles mesmos.
No sentido químico, além de potencializarem os maus exemplos, energizam a corrupção, vitaminam o corporativismo, fermentam o crescimento da roubalheira, também chamada apropriação indébita para resfriar um pouco o impacto negativo. Assim, eles acabam transformando suas combalidas reputações em lixo, ou melhor, em merda. E viva o aditivo!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Perfil de uma intolerância.

Ultimamente tem-se falado muito em intolerância. Intolerância racial, religiosa, social e outras. Entretanto, a intolerância que mais tem ficado em evidência é a relativa aos homossexuais. Ressalvados o fanatismo, o radicalismo e o espalhafato de ambas as partes, tenho certeza de que tolerar uma pessoa homossexual não é diferente e nem mais difícil de que tolerar uma heterossexual, desde que ambas tenham um procedimento correto, normal e legal. Tenho amigos homo, aos quais aprecio e respeito muito. Sou 100% hétero, mas nada me impede de pensar no problema dos diferentes.
A simples diferença, até abstrata, ocasionada pela orientação sexual não podia servir de motivo para se discriminar alguém. Nem é necessário dizer, mas no universo das pessoas homossexuais há inúmeras que são extraordinárias, em todos os sentidos do relacionamento humano. Por outro lado, também encontramos em todos os lugares, indivíduos heterossexuais que são os mais indesejáveis possíveis. Portanto, a orientação sexual nunca torna uma pessoa pior do que outra, mas sua forma diferenciada de agir pode torná-la, no mínimo, inconveniente e censurável.
No entanto, a intolerância existe e é manifestada devido ao exagero de uma ou da outra parte, o que acaba dividindo a culpa entre ambas. Alguns homossexuais exageram em suas manifestações, chegando ao ponto de ser considerados escandalosos, uma vez que afrontam os costumes tradicionais, incluindo aí os preceitos religiosos. Não precisava ser assim, mas alguns deles são mais espalhafatosos do que muitas mulheres tidas como escandalosas. Acredita-se que a libido deles é incontrolável, muito mais latente do que a de qualquer outro indivíduo normal e ativo sexualmente.
Do lado oposto, os fanáticos e radicais, até mesmo os seletivos moderados, ficam irritados com tais atitudes, tidas como imorais e abusivas, o que acaba levando-os a externar reações raivosas e violentas. Considerando que a cada ação corresponde uma reação de igual ou maior intensidade, a ação escandalosa de pessoas ligadas ao grupo GLTB provoca a reação violenta e condenável do grupo contrário. Como nenhuma pessoa pode ser agredida física ou moralmente por preferir outra do mesmo sexo, alguém vai ter que mudar para que haja paz entre as pessoas diferentes.
Quanto ao preconceito moderado, menos grave do que a intolerância, este também existe em todos os lugares e ninguém precisa ser hipócrita dizendo o contrário. Então, não é toda família que tem o equilíbrio suficiente para aceitar uma situação do ramo. Quando aceita, é por falta de opção, uma vez que ser humano é ser humano e fim de questão. Vejam bem: Um homem casado, hétero, vez ou outra costuma ter outras mulheres. Neste caso a esposa costuma até aceitar. Entretanto, se esse mesmo homem fizer a besteira de transar com outro homem, a esposa o abandona na hora. Verdade ou mentira? Com a palavra, as mulheres!
A propósito do tema “opção sexual”, gostaria de emitir minha modesta opinião a respeito, mesmo não tendo conhecimento específico e nem autoridade sobre o assunto, mas a discordância é livre, principalmente sendo respeitosa e flexível. Eu não acho que seja opção. Acho que é uma derrota, uma capitulação perante a força da natureza humana, uma vez que o indivíduo é vencido pelo desejo sexual extremamente forte, mais do que sua vontade e seus próprios preceitos, segundo a literatura pertinente. Se for opção, só pode ser compulsória. Todavia, sendo compulsória, não pode ser opção. É imposição; é a única saída.
Aliás, durante os debates levantados pela festa da diversidade ocorrida em Arcos, alguém disse aqui no Portal que esteve até no Seminário, de onde saiu vencido pelo desejo homossexual, que foi mais forte do que ele. Inclusive disse ser hipócrita a pessoa afetada que disser o contrário. Tempos atrás, nos anos 80, quando a AIDS estava se alastrando rapidamente, mais por meio de relações homossexuais, um médico me disse, em conversa informal, que, no caso, o desejo é tão grande, que o indivíduo ignora o risco de contrair a terrível síndrome. Ou seja, o medo da doença é vencido pelo desejo que é muito mais forte. Aquele que resiste é um bravo.
Lá em cima, no primeiro parágrafo, eu disse ser 100% heterossexual, conforme a maioria absoluta do povo brasileiro, e do mundo também, é claro. Entretanto, está havendo uma pressão tão grande da minoria sobre a maioria que, muito breve, não se pode duvidar devido ao mundo estar de ponta cabeça, surgirá uma lei obrigando os héteros a viraram homos, para não haver conflitos. Os homossexuais mais exacerbados querem, de todas as formas, impor aos heterossexuais o seu sistema de vida, nem sempre, mas, vez ou outra altamente pernicioso e carregado de maus exemplos. Estes querem perverter todas as normas, inclusive o conceito do vocábulo casal.
Quanto ao conceito do termo casal, imagino ser difícil, senão impossível, mudá-lo, uma vez que ele existe desde os primórdios da criação Divina. Não tem cabimento, dois seres iguais formarem um casal. O máximo que podem formar é um par, uma dupla, um dueto. Se assim não fosse, Deus teria criado Adão e Ivo; Eva e Ivone e assim por diante. O conceito do casal criado por Deus é tão sublime que, a ser verdadeira, a história da Arca de Noé está aí para provar, uma vez que Deus o mandou colocar nela um casal de cada ser vivente sobre a terra. Em sua onisciência, Deus não ia fazer uma coisa tão séria, tão perfeita, para os homens muda-la depois.  
Isto não está certo, pois cada um pode levar sua vida da forma que achar conveniente, porém sem transgredir as normas que atendem os anseios da maioria. O respeito ao direito e ao desejo da maioria é uma consagração universal, que não poderia ser revogada ou violada por força de leis esdrúxulas e discutíveis. Quanto ao surgimento da tal lei da “virada” não se pode duvidar mesmo, principalmente quando se leva em conta o baixo nível moral de nossos políticos que só pensam em arrebanhar eleitores para seus currais eleitorais.  Mesmo sabendo que afrontam a maioria, eles, os políticos, não ligam porque também sabem que a memória do povo é curta.
De uns tempos para cá, a pressão sobre a sociedade está muito grande para que ela aceite procedimentos diferentes dos convencionais e consagrados ao longo do tempo. Os programas televisivos estão aí para condicionar a sociedade a aceitar tudo. Vejam as novelas televisivas. Muitos autores são homossexuais e estão, em bloco, insistindo em forçar a sociedade a aceitar os exageros e achar que tudo é normal. E que todas as opiniões contrárias são preconceituosas e passíveis de punição. Há um deles que já se manifestou, raivoso, dizendo que a sociedade não aceita beijo gay em público, portanto, por enquanto, só na casa dele.
Voltando aos políticos, não podemos nos esquecer de que eles são muito bonzinhos e gostam de facilitar as coisas para o povo. Assim, eles já devem ter concluído que virar homossexual é muito mais fácil do que voltar a ser heterossexual, haja vista a inexistência ou raridade de ex-homos e a fartura de ex-héteros, já, ao que tudo indica, incentivados pelo movimento pró homossexuais. Então, esforçados, interessados e eficientes como são, os políticos não titubearão em tomar medidas para “facilitar” as coisas para a grande maioria.  Já que quem foi não está querendo ou não encontrando jeito de voltar, que vá o resto para evitar conflitos de opiniões.
Mesmo assim, e em sendo assim, abaixo a discriminação, abaixo o preconceito e abaixo a intolerância. Arriba a paz, arriba a harmonia e arriba a concórdia entre todas as pessoas, não obstante as diferenças entre elas vão continuar existindo até o final dos dias e por todo esse mundão de Deus, de quem todos nós, sem exceção, somos filhos amados.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MUDANÇA DE NOMENCLATURA.


Ás vezes eu fico pensando no palavreado antigo que era usado para caracterizar pessoas, identificar coisas e definir situações, como também na mudança dos termos, vocábulos e expressões próprias a cada uma. Lembro-me, e muito bem, de quando eu ia me matricular no Ginásio Estadual e não tinha dinheiro pra pagar a taxa de matrícula. Naquele tempo, tal como hoje, era mais fácil achar um político honesto do que dinheiro no meu bolso. “Tempo bom, lê, lê, não volta mais, saudade”.......
Era uma taxa de pequeno valor, quase simbólica, mas era cobrada. E quase sempre eu estava desapercebido do vil metal. Aí eu tinha que passar pela humilhação de ir à Delegacia de Polícia e pedir ao delegado um atestado de pobreza, para me isentar do pagamento. Escola pública cobrar taxa é um paradoxo, mas fazer o quê? Mandava quem podia e obedecia quem precisava estudar e não tinha grana para o Colégio Comercial Arcoense, que era a única opção ginasial da época.
Aconteceu que as brilhantes autoridades da época deduziram que “Atestado de Pobreza” era muito humilhante, e mudaram o nome para ATESTADO DE MISERABILIDADE. Em minha opinião ficou muito mais humilhante, uma vez que a miséria é mais pobre do que a pobreza. Ou seja, a miséria é a pobreza amplificada.  Essa foi uma mudança de nomenclatura que piorou bastante o sentido da coisa, que, de feia, passou a horrível. A emenda ficou pior do que o soneto.
            Já há outras alterações de nomenclatura que melhoram o sentido do termo, elitizando-o, até tornando chique a pessoa que o recebe. Por exemplo, chamar o sujeito de inadimplente. Quem não sabe o significado pode até pensar que se trata de um elogio. Eu, hem! Então, afirmo por minha conta e risco que tais alterações ocorreram por conveniência do próprio homem, para justificar comportamentos pessoais contemporâneos e explicar o surgimento de novos, como também para eliminar ou amenizar constrangimentos e preconceitos.
Vejam abaixo o “hoje” e o “antes” de alguns vocábulos e expressões, em desordem alfabética.

HOJE:                                           ANTES:
Inadimplente.............................   Fintador, caloteiro.
Ocioso, disponível..................Vagabundo, desocupado, malandro.
Profissional do Sexo, meretriz .......Puta, rapariga, biscate.
Dependente químico..........Drogado, maconheiro, cachaceiro, pinguço.
Colunista Social.............................Fofoqueiro
Sodomita, Pederasta, Gay............ Viado, fresco, mariquinha, bicha...
Afro-Descendente........................ Negro, crioulo...
Idoso............................................... Velho, caduco, pé-na-cova...
Desvio de conduta.........................Sem vergonha, safado...
Maníaco Sexual...............................Tarado, comedor....
Psicopata .........................................Doido varrido
Defectivo..........................................Cagão.    
Portador de Síndrome de Down ......Mongolóide
Inverídico, inverossímil.................. Mentira pura
Apropriação indébita, subtração......Roubo
Ficha suja...........................................Político ladrão
Cálculo renal......................................Pedra no rim.
Enfarte do Miocárdio.............Piripaque, dá um treim, sofrer um treco.
Deficiente físico.................................Aleijado
Fazer amor ..........................................Dar uma trepada
Travesti, transexual...........................Macho-fêmea.
Pedófilo ...............................................Comedor de criança.
Prejudicado verticalmente.................Anão, nanico
Calvo.....................................................Careca
Obeso....................................................Gordo, porco, capado...
Tecido adiposo....................................Gordura
Deficiente mental.................................Retardado
Epilepsia...........................Sofrer acesso, dá uma duda, desmaiar....
Boate .....................................................Zona Boêmia, “rendevú”.....
Lésbica...................................................Sapatão...
Cleptomaníaco.......................................Ladrão rico
Impotente sexual...................................Broxa; não dá no couro..
Disfunção erétil.....................................Pinto mole..
Excesso de pele.....................................Muxiba.
Desinformado........................................Ignorante
Inculto, iletrado.....................................Analfabeto.
Desarranjo intestinal.............................Caganeira
Regurgitar...........................Vomitar, lançar, chamar o juca.               
Defecar ................Cagar,fazer uma viagem, passar um telegrama
Testículos................................................Bagos, ovos....
Bolsa escrotal .........................................Saco, capanga.
Rigidez peniana.......................................Pau duro
Casa de repouso .....................................Hospício
Convidado ocasional .............................Penetra
Fazer a sexta .............................................Dormir depois do almoço.
Nauseabundo ..........................................Fedorento, nojento.
Lanche, levar um .....................................Levar matula.
Fazer um lanche.................Comer uma treta, comer um trem.
Menor infrator...................Menino bandido, pivete, trombadinha.
Restrição cadastral ..................................Nome sujo
Glutão.........................................................Esfomeado.
                                   KBÔ, por enquanto.