segunda-feira, 31 de outubro de 2011

“NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO!”

Sou católico, apostólico, romano, e tento levar a sério minha religião. Não faço tudo o que devo, mas faço o que posso. Nasci sob a bandeira da Igreja Católica, nela fui batizado e pretendo segui-la até meu último dia aqui na terra. Não foi opção minha, mas estou satisfeito com ela, apesar das imperfeições. Pelo que sei desde criança, é a única igreja fundada por Jesus Cristo. Todas as outras vieram depois e foram criadas por homens comuns, por motivos vários. Hoje, algumas igrejas têm sido fundadas por espertalhões, que sabem como ganhar muito dinheiro sem fazer força e se transformar em prósperos empresários, se aproveitando da boa fé e do desespero das pessoas que estão em busca de lenitivo para suas atribulações.
Eu bem sei que religião não salva ninguém, mas temos que ter uma para regrar nossa vida, bem como criar um elo entre nós e o Dono do nosso destino. Na verdade, são nossas atitudes decentes e cristãs que nos favorecerão na hora do acerto final. Sendo assim, respeito e admiro bastante os irmãos evangélicos que levam a sério sua crença e sua fé, e a grande maioria age desta forma. Também aplaudo suas manifestações públicas, sem objetivos financeiros, como a Marcha para Jesus, por exemplo. Inclusive acho que eles são mais fiéis e mais disciplinados do que nós católicos. Alguns até exageram nos rigores consigo mesmos.  Só a afinidade que eles têm com a Bíblia é uma prova cabal de fidelidade.
No entanto, devemos desaprovar e repudiar veementemente a atitude de alguns pastores gananciosos, que só pensam em dinheiro, em enriquecimento pessoal, e só vêem o fiel seguidor como um cofrinho, como uma fonte perene de recursos que lhes assegura as maiores mordomias. E tudo em nome de Deus! Há uma meia dúzia de pastores evangélicos e pentecostais, que estão podres de ricos à custa da fé e da inocência de seus seguidores. Eles inventam os nomes mais mirabolantes para camuflar a exigência financeira. Sei muito bem que minha igreja também pede, mas o faz com moderação, sem pressão e sem extorsão.  Em minha paróquia, há dizimistas que oferecem apenas um real por mês.
Todos sabem que pastores ladinos e sem escrúpulo vendem toda sorte de milagres e curam todas as doenças, mas só de mentirinha, de faz-de-conta.  Na verdade, eles não canalizam nenhum milagre e nem curam doença alguma.  Tudo aquilo que a gente vê ao vivo e na TV é só teatro e encenação para iludir os incautos. Quem acredita, merece ser enganado e explorado financeiramente. Eu penso que Deus não aprova tais atitudes. Deus querendo se manifestar a favor de alguém, Ele o fará através de qualquer um, e sem cobrar nenhuma taxa. O Deus verdadeiro não é interessado em dinheiro. Se fosse, Ele ajudaria muita gente a ganhar na loteria, tendo em vista as generosas promessas que o jogador faz para conseguir acertar o prêmio.
 Considerando que no mundo material a pessoa endinheirada consegue adquirir as melhores mercadorias, temos que alongar o assunto referente ao mercado de graças e milagres. Assim, os ricos, até pagando ágio ou corrompendo, comprariam as melhores graças, deixando o refugo para os mais pobres. Escolheriam as graças top de linha, completas e luxuosas, enquanto aos pobres restariam aquelas mais simples, básicas, “pé-de-boi”. Talvez os pobres nem pudessem adquirir graças novas, zero km, tendo que se conformar com graças de segunda mão, usadas, e, se der sorte, em bom estado de conservação. Afortunadamente, Deus não exige nosso dinheiro, mas o bom conteúdo do nosso coração. Dinheiro é muito bom, mas Deus não escolhe quem tem mais.
É óbvio que toda igreja, inclusive a minha, precisa de recursos para se manter em atividade, incluindo salários de padres, pastores, auxiliares, e outras despesas que todos pagam, como água, luz, etc. Inclusive há inúmeros pastores, de dedicação exclusiva, que precisam dos recursos da igreja para manterem a família. Entretanto, o dinheiro para sobrevivência é uma coisa modesta, de pouca monta, muito diferente da fortuna necessária para adquirir empresas milionárias, frota de aviões a jato, helicópteros, mansões nas capitais ou cidades chiques do mundo, latifúndios, haras e manadas de cavalos de raça, e outras regalias inerentes aos milionários. Dinheiro para obras da igreja, positivo; para enriquecer pastores fanfarrões, negativo.
Sendo assim, e considerando as fraquezas do ser humano, temos que policiar nossos guias espirituais para não caírem na tentação da riqueza, da ostentação e do dinheiro fácil. Oremos também para que os gananciosos atuais façam uma introspecção e parem de vender as coisas de Deus como se elas fossem mercadorias banais, as quais todos podem sair vendendo por aí, como se fossem camelôs celestiais. A qualquer momento Deus vai se zangar e mandar um terrível castigo sobre eles. Aliás, já está passando da hora de receberem uma boa cacetada divina.  Pelo menos da hora desejada por mim, já passou. Igual à dos homens, a justiça de Deus demora muito. Só que a de Deus sempre vem; a dos homens nem sempre.

Um comentário:

  1. Pelo que sei desde criança, é a única igreja fundada por Jesus Cristo. Todas as outras vieram depois e foram criadas por homens comuns, por motivos vários.

    Caro E seu PATA,
    Seu blog é um dos preferidos para leitura que faço na vastidão da internet. Muitas colocações sua são inadmissíveis aos meus colorários existenciais. Parabéns pelo conteúdo e obrigado por nos transmitir coisas perenizáveis em nosso dia a dia.
    Quanto a seu parágrafo acima o mesmo destoa completamento das minhas homilias. Jesus Cristo não fundou nenhuma Igreja, e, sempre foi contra quaisquer Igrejas. Os ensinamentos dele são bem claros neste aspecto. Existem religiões desde mais de um milhão de anos, com seus dogmas, livros sagrados e tantos outros aspectos transcendentes e doutrinas que titulamos de religião. Enfim, gosto muito de ler você porque tudo que escreve o leio com gosto porque me esporeira pensar mais a respeito do que fomenta reflexão nos compendios que colegia ao público ainda aprendiz como eu.
    É uma pena não lhe conhecer pessoalmente e também não ter seu e-mail para troca de amenidades que você e eu, tenho certeza granjeamos ao longo da vida como muita labuta e peleja.
    Paz de Cristo.

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