sábado, 31 de dezembro de 2011

O CELULAR E O CHIFRE.

O MUNDO evoluiu em todos os sentidos, trazendo oportunidade de mudanças radicais no comportamento das pessoas, e a população aumentou de maneira quase desordenada. Hoje já somos 7 bilhões de almas, penadas ou não. Junto á evolução e ao aumento da população aumentaram também as ocorrências de relações extraconjugais. Só que os casos de relações extraconjugais aumentaram muito, de forma bem desproporcional ao aumento da população. Entretanto, esse tipo de comportamento não é novidade, e, mesmo antes de Cristo já se falava nisso e já se castigavam os praticantes.

É SABIDO que desde quando o mundo existe, há ocorrências desse tipo, uma vez que pessoas insatisfeitas, libidinosas e aventureiras sempre existiram. Não se sabe se antigamente essas ocorrências tinham o mesmo nome que tem hoje, mas isto não interessa mais No entanto, nos tempos modernos, depois do automóvel e do motel, surgiu uma nova tecnologia que favoreceu e incentivou por demais as atitudes dessa natureza, que passaram a ser conhecidas como pulada de cerca, ou simplesmente chifrada, cujo resultado é o chifre.

ESTOU FALANDO do telefone celular, esta maquininha minúscula que permite ao homem contrariar a lei da física, ocupando dois lugares ao mesmo tempo, em locais diferentes. Dia desses um amigo estava em minha casa, quando recebeu uma ligação no celular. Para se esquivar de um compromisso, ele disse que estava em BH e quando voltasse a Arcos ligaria avisando. No momento fiquei em dúvida quanto à cidade em que realmente moro. Pensei que eu estava morando em BH e ainda não estava sabendo. Olha o celular aí já incentivando as mentiras!

NO ENTANTO, esse não é o maior mau uso do tal aparelhinho. Há outros muitos piores, incluindo o mencionado acima. Muitas pessoas compromissadas o usam hoje para marcar pulada de cerca, sem correr o risco de o outro cônjuge escutar na extensão. Realmente para quem aprecia a prática dessa perigosa aventura, o celular é um prato cheio; é um manjar dos deuses. Tal aparelhinho miraculoso veio a calhar. Chegou na hora agá. Era exatamente o que estava faltando para fomentar mais ainda os encontros fortuitos e “calientes” entre pessoas compromissadas com outras.

HÁ ALGUM tempo, um amigo me contou que depois que a esposa arranjou um celular, ela ficou cheia das nove horas, cheia de mistérios e segredinhos. Disse-me que já estava com a pulga atrás da orelha. Dito e feito!  Dia desses, ele a viu entrando no motel no maior xodó com o novo namorado, arranjado via celular. Resultado: um está para um lado, outro para outro lado. Ela continua pulando a cerca. Tanto que, provavelmente, irá participar das Olimpíadas de Londres, na modalidade salto em vara. É cada pulão, que medalhas de ouro já estão garantidas.

O CELULAR não foi criado para isso, mas juntando-se ao automóvel e ao motel, ajudou a formar o tripé que sustenta a pulada de cerca. O celular serve também como marcador de dia e horário para se tomar Viagra e outros indicados para disfunção erétil. Contato positivo conseguido e encontro marcado, viagra no bucho par cair na corrente sangüínea em tempo hábil. Só para evitar dúvidas e problemas com a Polícia Federal e o Fisco, devo dizer que não sou revendedor de viagra, e muito menos de Pramil oriundo do Paraguai. Nem os consumo ainda, mas não tenho nenhum preconceito. Penso que é melhor tomar um estimulante do que virar ferramenta de pintor.

NÃO VOU DIZER que não gosto de celular, pois seria muita burrice de minha parte não gostar de conforto, pois que o celular oferece facilidades em nossos contatos, emergenciais ou não. O celular é uma ferramenta espetacular, que veio facilitar por demais os contatos pessoais, beneficiando sobremaneira as pessoas nas mais diversas situações ou locais em que elas se encontrarem. Eu tenho ojeriza é do uso indevido que pessoas fazem dele. Como não teria sentido ser diferente, eu também possuo celular. Caso contrário, estaria assinando meu atestado de burrice. E também por que celular é igual celulite e já que todo bundão tem, também posso ter.

ENTRETANTO, seria bem legal se as pessoas usassem todos os recursos tecnológicos que lhes são colocados à disposição para o lado do bem. Certamente, a não ser material bélico, nada nesta vida foi criado com a finalidade de ser usado para o mal. O avião, por exemplo, não foi inventado para jogar bombas nos inimigos e nas pessoas inocentes, mas o foi para trazer conforto e rapidez às pessoas. Parece que esse mau uso dele foi um dos motivos da desilusão de Santos Dumont, que o levou ao suicídio. Também o caminhão foi criado para transportar mercadorias, e não para ser usado de forma irresponsável e criminosa, promovendo carnificina nas rodovias.

VOLTANDO ao celular, dos piores usos que fazem dele são os trotes que passam incomodando as pessoas; as falsas comunicações para enganar e extorquir dinheiro das pessoas ou o terror que espalham comunicando falsos seqüestros com o mesmo fim financeiro. Tudo isso por detrás de um celular de número não identificado, que deveria ser proibido pela lei, para evitar esse mau uso que a molecagem e a bandidagem fazem deste estupendo aparelho, causando muito mal às pessoas. Mesmo que seja apenas um simples trote, acaba tirando a paz e a serenidade do destinatário da ligação. Perto destas situações, a pulada de cerca combinada no celular acaba virando, à luz da lei dos homens, apenas um pecado original.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL.


O mundo fica todo colorido
E tudo é multicor, é fantasia.
Parece não haver nenhum gemido
No dia de Natal, sagrado dia.

A rua se engalana, se reveste
De tudo que mais caro e belo existe
Não aparece um só que isso proteste
Em benefício de quem vive triste.

No bairro, na favela, lá no morro
Não há Natal nem luzes coloridas.
A música é o latido do cachorro
Na porta de crianças mal vestidas.

Até o sino é mudo, não badala
Para acordar as coisas lá do céu.
Sapato na janela? Nem se fala.
Não se conhece lá Papai Noel.

Papai Noel de barbas de algodão,
Tão esperado pela burguesia
Não sabe onde mora uma nação
De criancinhas sem ter alegria.

Papai Noel não sobe o morro pobre
Porque não sabe ainda o seu caminho.
Mas é preciso que essa gente nobre
Ensine o morro, também ao velhinho.

Para que ele leve na viagem
Entre brinquedos de vários matizes
Uma palavra de feliz mensagem
Uma promessa de dias felizes.

E na bagagem dessa nova estrada
Ele conduza, então, um bom segredo
Conduza, sim, nessa missão sagrada
Outro presente em forma de brinquedo.

Conduza, sim, o pão à pobre mesa
Daquele povo que já nem mais come
Amenizando assim essa tristeza
Diminuindo assim aquela fome.

Conduza, sim, a paz e a bonança
Para transformar-lhes tão cruentos dias
Conduza, sim, também a esperança
De um futuro melhor, de alegrias.

E, às crianças, leve, nesse ensejo
Novo horizonte, novos ideais
Que lhes afague a face, dando um beijo
Para mostrar que os homens são iguais.

Autor: José Helder França.

PAPAI NOEL.

Papai Noel me responda
Não quero que se esconda
Novamente para mim.
Sou pobrezinho, confesso
Mas nesse dia lhe peço
Não seja tão mau assim.
Por que você não me ama
Por que não vê minha cama
Onde durmo tristemente?
Se posso chamar-lhe de pai
Então me diga papai
Por que não ganho presente?
Na sua noite, me deito
Sozinho no pobre leito
De acordar já tenho medo.
Porque sempre procurei,
E até hoje nunca achei
No meu sapato um brinquedo.
Por que você é ingrato?
É por que o meu sapato
É velhinho e tem rasgão?
Se é por que está rasgado
Deixa o sapato de lado
Ponha o brinquedo no chão.
Papai Noel, papaizinho
Tenha dó do pobrezinho
Que também sabe brincar.
Se pedir é natural
Me atenda neste Natal
Visite também meu lar.
Eu gosto de ser sincero
E todo ano o espero
E digo com emoção:
Acordo no dia cedo
Quando procuro o brinquedo
Encontro é decepção.
A meditar sempre fico
Por que os filhos de rico
É que têm esse direito?
A sua lei é injusta
Papai Noel que é que custa
Olhar também pro meu leito?
O pobre nunca se cansa
E ainda tenho esperança
Nas boas coisas do céu
Eu também tenho ideal
Também mereço um Natal
Me atenda, Papai Noel.

                                               Autor: José Helder França.





segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A cabeça erguida, o nariz empinado e outras posturas psicossomáticas.

Cabeça erguida é a postura que pessoas de bem devem adotar ao longo de sua vida. De cabeça erguida é posição de pessoas decentes se mostrarem em público, revelando que nada têm a recear tendo em vista sua forma limpa de proceder, já que é pessoa de bem. E pessoas de bem nada têm a esconder ou a temer, pois se estas tivessem de ser temerosas, o que não dizer, então, das outras pessoas mal acostumadas, cheias de atitudes condenáveis que vão de encontro às normas legais e sociais? Antes de ser uma postura física, a cabeça erguida é um estado de espírito.
A cabeça erguida é forma mais correta que pessoas decentes devem adotar, mesmo elas estando em situação difícil, constrangedora, mas que não tenha sido causada levianamente por elas. Conheço pessoas que, mesmo estando em situação momentânea desfavorável, porém decente, aperto financeiro, por exemplo, andam sempre de cabeça erguida tal é a sua dignidade e retidão de caráter. Portanto, cabeça erguida é a postura mais adequada a uma pessoa cuja vida é pautada pela decência. E pessoas enquadradas neste perfil podem e devem ter altivez.
Entretanto, a não adoção da postura cabeça erguida não significa que a pessoa seja indecente ou não possua as qualidades das outras que adotam. Nada disso! Acontece que, mesmo sendo igualmente boas, as pessoas são diferentes em suas formas de reagirem perante as situações diversas e adversas. Assim, umas são fracas, tímidas, medrosas, introvertidas, melancólicas, e se abatem com mais facilidade. Enquanto outras já são fortes, extrovertidas, afoitas, corajosas e não se abatem facilmente. Há pessoas também que vêem na cabeça baixada uma atitude de respeito e meditação.
Por outro lado, há o nariz empinado. Esta, no entanto, já é uma postura de pessoas medíocres, que sempre querem ser o que não são. São pessoas pequenas, antipáticas e soberbas as que mais adotam esta abominável e ridícula postura. Aliás, não são as que mais adotam, são as únicas, pois pessoas normais, decentes, sábias e de boa convivência jamais adotariam tal modo de se portar perante as demais. Em todos os lugares há pessoas assim, de nariz empinado, mesmo não tendo nenhuma condição moral e material para envergar tal postura.
Parece que elas pensam que os outros não as conhecem e não sabem nada a seu respeito. Ao contrário, seguindo o grande defeito de cidades pequenas, a gente costuma saber tudo sobre as pessoas, até mais do que elas próprias. Em cidades pequenas, pode-se ficar sabendo de algo que vai acontecer, até mesmo antes do alvo do fato. Porém, isso é atitude de pessoas desocupadas e bisbilhoteiras que vasculham a vida das outras pessoas com o fito de espalhar boatos e fofocas, à vezes reais, o que pode servir de alerta para a pessoa vasculhada, forçando-a a descer o nariz.
Como se vê, essas duas posições capitais, pois estão na cabeça, são antagônicas. A cabeça erguida simboliza altivez, decência, dignidade e outros atributos de pessoas respeitáveis, a quem deveríamos tentar imitar. A estas, o meu aplauso. O nariz empinado é atitude de pessoas pequenas, medíocres, ridículas, que não reconhecem seu lugar. São pessoas que tentam passar a falsa impressão de que estão com tudo, enquanto estão com nada. São seres que quase sempre estiveram por baixo, mas usam o empinamento do nariz para parecerem superiores. A estas, minha vaia e meu conselho: Empinar pipa em dias de vento é bem melhor do que empinar o nariz.
Há outras duas posturas também psíquicas que acabam se confundindo com o físico, conforme as duas anteriores, e que as pessoas usam em decorrência da ocasião.  É o queixo caído e o topete levantado. O queixo caído é uma postura adotada numa situação de admiração, de contemplação, provocada, por exemplo, pela visão de uma coisa muito bonita, como a Carolina Dickman. Meu queixo cai; eu babo. Só que em casos do gênero, temos que ser discretos e observar se a  cara metade não está por perto. Caso contrário, correremos um sério risco de ter o queixo caído literalmente, em decorrência de um belo direto acertado nele.
Também fico de queixo caído quando vejo a criatividade dos políticos para arquitetarem formas de enganar o povo, se apossarem dos recursos públicos e ainda saírem ilesos, incólumes, por cima, como se nada ilegal e imoral tivesse acontecido. É de cair o queixo a esperteza e a astúcia que esse pessoal tem para ludibriar todo mundo. Fico também boquiaberto de vê-los negar as acusações, claras e transparentes, na maior cara-de-pau, sem nenhum constrangimento, e ainda se fazendo de vítima, botando a culpa na oposição e na mídia. Com essa gente temos que adotar urgentemente uma outra postura, ou seja, ficar com a pulga atrás da orelha.
O topete levantado, ou crescido, já é um ato perigoso, pois que caracteriza mais uma bravata, uma situação de confronto, que pode levar a um desfecho desagradável, principalmente se tratando de mais de um topete crescido ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Costuma surgir daí uma baita confusão. Neste caso, já pode aparecer aí uma outra postura, que também caracteriza situações assustadoras e amedrontantes, ou seja, ficar de cabelo em pé.  Então, procuremos evitar o nariz empinado, o topete crescido e o cabelo em pé. Entretanto, procuremos ficar sempre de cabeça erguida, que é a melhor postura, pois não irrita, não agride e nem menospreza ninguém. E por que não de queixo caído sempre que houver motivo decente ou agradável?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A inveja peçonhenta e seus malefícios.

É inquestionável que a inveja é um sentimento mesquinho e perverso, se olharmos apenas um de seus lados, eis que há dois tipos de inveja. Há a inveja maligna, que consiste em desejar para si todo o bem precioso que o outro possue.  A pessoa dominada por este tipo de inveja pensa que o outro não merece nada de bom, dá por mal direcionado tudo o que outros possuem e que tudo deveria ser dela. Este tipo de inveja causa grande mal ao invejoso e ao invejado. É um sentimento perverso, que pode levar o invejoso a exterminar o invejado, consoante Caim fez a Abel, seu irmão, motivado pela suposição de que Abel tinha a preferência do pai, Adão, e também de Deus.
Por outro lado, há a inveja benigna, se é que podemos chamar assim, que, de forma aceitável, motiva o indivíduo a desejar bens semelhantes aos do outro, e não os do outro. Este tipo de inveja pode até ser benéfico, uma vez que ele impulsiona a pessoa a lutar para conseguir um bem semelhante ao que ela está invejando e desejando. Por exemplo: o Zé tem um carrão, o qual o Tonho acha muito bacana e tem uma baita vontade de possuir um igual. Como o Tonho não é dominado pela inveja má, ele deseja ter um carro igual, e não o que já é do Zé. Então, essa vontade vai motivar o Tonho a lutar para conseguir adquirir um carrão semelhante ao do Zé.
Desejar se equiparar aos outros é muito natural, desde que esse desejo não se transforme em inveja maligna ou mesmo num simples egoísmo. Imagina-se que todos, vez ou outra, sentem inveja de alguém. Temos inveja de muitas pessoas e gostaríamos de ser como elas. Temos inveja das pessoas bonitas, das inteligentes, das ricas e bondosas, das pessoas altruístas, das pessoas famosas que agradam ao público, das que têm muita saúde e outras boas coisas que a vida oferece. Eu, por exemplo, tenho uma inveja danada de quem sabe tocar um instrumento musical, como viola e sanfona. Se eu disser que não cultivo este tipo de inveja, estarei sendo hipócrita.  
No entanto, garanto que não se trata de inveja perversa, pois, não desejamos o que é dos outros para nós. Desejamos apenas coisas semelhantes. Neste caso, não queremos vencer ninguém. Um empate está excelente.  Todavia, falando por mim, não acho justo desejar somente as coisas boas que os outros possuem. Por que, então, nós não desejaríamos também as desgraças, as mazelas e os infortúnios dos nossos semelhantes? É ruim a gente desejar isso, hein!? Só desejamos coisas boas, o que é mais do que natural. Aliás, desde criança somos condicionados para isso, ou seja, desejar e possuir bens agradáveis aos olhos, ao coração, à mente e ao saldo bancário.
Dizem que “a ocasião faz o ladrão.” Assim, também o momento faz o invejoso, não obstante hajam aqueles que são dominados pela inveja de janeiro a dezembro.  Esses são praticamente doentes. Quando uma pessoa está passando por uma fase financeira difícil ou por outra dificuldade qualquer, por exemplo, ela costuma ter inveja de quem está com muito dinheiro ou em situação mais favorável. Quando estamos doentes ficamos morrendo de inveja de quem está com saúde. Verdade ou mentira? Observem que a situação da hora está criando um invejoso passageiro. No entanto, se for uma inveja moderada e não contaminada pelo ódio, não deixa de ser normal.  
Tempos atrás, lembro-me muito bem, eu fiquei desempregado, por opção minha porque não agüentava mais a pressão. Só que me arrependi muito de ter pedido demissão e entrei em depressão. Durante a depressão, eu ficava morrendo de inveja de quem estava trabalhando, enquanto eu estava ocioso e não tendo rendimentos.  Eu ficava com inveja até dos garis trabalhando, quando via a alegria do gari Zé Paulo. Para dizer a verdade, eu ficava com inveja até dos defuntos em cujos velórios eu ia. Quando ouvia anúncios de falecimento, eu ficava numa tremenda inveja do falecido, pensando na possibilidade de trocar de lugar com ele. Ô inveja besta, ein? Nunca mais quero ter!
Dizem por aí também que a inveja é uma merda. Quanta generosidade! A inveja é mais do que isso, é uma fossa cheia de merda. Ela é um buraco cheio de dejetos, onde chafurdam o invejoso e o invejado. O invejoso entra nessa fossa porque quer, porque é egoísta, é ganancioso e perverso. Entretanto, acaba levando junto o invejado, que, quase sempre, nada a ver com o assunto, às vezes nem sabendo o motivo da inveja que causa.   Eis que a inveja é tão perniciosa, tão nociva, tão nefasta, que acaba fazendo mal tanto ao invejado quanto ao invejoso. Há pessoas que não acreditam, mas muitas outras pensam que a vida do invejado costuma virar de ponta cabeça.
Todos deveriam evitar a inveja do tipo peçonhenta. Essa inveja perversa, que faz com que o objeto invejado vire alvo da ira do invejoso, cujo único desejo é se livrar do que lhe está incomodando e lhe fazendo concorrência.  Foi esse maldito veneno que causou o rompimento dos laços fraternos entre Caim e Abel, irmãos de sangue, fazendo com que aquele acabasse por cometer o primeiro homicídio da humanidade. É triste saber que a sanha assassina do homem foi inaugurada entre parentes e por motivo tão mesquinho. Nós que moramos em cidade pequena vemos todos os dias exemplos de situações dessa inveja maligna e, vez ou outra, suas conseqüências.
Uma palhaçada é o mínimo que se pode dizer sobre quem tem inveja peçonhenta de pessoas bem sucedidas na vida. Principalmente daquelas que se deram bem agindo honestamente. Neste caso, temos que ter admiração e desejo de seguir os bons exemplos. O que devemos fazer de mais correto é desejar que todas as pessoas se dêem bem na vida, pois quanto mais gente feliz houver mais segurança pública e mais paz social. Também não devemos ter inveja de quem subiu de maneira espúria, como sobem os políticos e alguns outros meliantes. Destes, temos que ter pena, pois sofrerão muito na hora de prestar contas ao Criador.
Lamentavelmente, há pessoas que têm inveja de tudo. Esquecem-se dos bens que Deus já lhes tenha dado, para desejar um bem do outro, não obstante os seus bens possam já ser melhores, mais volumosos e mais valiosos. Neste caso, a inveja cega a pessoa, que passa a não ver que o outro talvez só possua aquilo que ela está invejando, só pela perversa mania de achar que o sol pode brilhar só para si. Maldosa suposição, pois o sol nasceu para todos, apesar de que a sombra, de vez em quando, é muito melhor. Portanto, vamos eliminar a inveja maligna da nossa vida, pois, além de ser um grave defeito, uma mania feia que leva à destruição, é um cabeludo pecado capital.



domingo, 4 de dezembro de 2011

A DENTADURA.

Não se sabe por que as pessoas têm tanto preconceito e até repulsa contra as próteses dentárias, que no caso do usuário ser pobre passam a chamar-se dentadura. A bem da verdade, é preferível uma dentadura postiça bem cuidada a dentes naturais em condições ruins. Usuários de tal ferramenta bucal dizem que ela possui treis vantagens que os dentes naturais não possuem. Além disso, ela é considerada a terceira e última dentição. Segundo se sabe, no início seu uso é bem desconfortável, mas após poucos dias de treinamento, depois que boca caleja, ela fica muito fácil de ser usada, dispensando até a presença do manual de instrução, coisa que ninguém lê, mas que é recomendável tê-lo por perto para o caso de uma dúvida maior.

Antes de falar das vantagens principais da dentadura, lembrei-me de outra não muito decente e nada cristã: É o seu uso como moeda de troca. Alguns políticos, para variar de “modus operandi”, vez ou outra, trocam-nas por votos. Habituados que são a usar e abusar dos necessitados, os políticos não poderiam perder a chance de abusar dos carentes de dentes. Assim, mandavam confeccionar as pererecas em grande quantidade, tamanho único, obrigando o pobre coitado a usar dentadura incompatível com sua boca. Conheci uma senhora que foi premiada com uma jóia dessas. Ela passou a ter um sorriso forçado e constante, porque a dentadura não cabia na boca. Coitada, sofria mais do que mulher de leiteiro! Exceto as mulheres dos leiteiros da prefeitura, é claro.

Vamos às vantagens: Primeiramente, a dentadura é muito higiênica, tendo em vista a facilidade de fazer uma limpeza geral.  Portanto, é mais asseada do que muitas arcadas naturais e perfeitas vistas por aí. A segunda vantagem é que ela não dói. Se doer, é só tirá-la da boca e colocar dentro de uma gaveta ou num copo dágua. Aí ela pode doer à vontade que o feliz usuário não vai ser incomodado. Quem irá sentir a dor será o copo dágua ou a gaveta. E por último, ela pode ser usada para morder no próprio corpo. Outro dia ouvi um amigo falar assim: “Estou com tanta raiva de mim que se pudesse eu me mordia todo”. Como esse amigo possui dentes naturais, os únicos lugares em que ele poderia morder-se, seriam braços, mãos e língua.

Nesta situação, digamos que o usuário seja masoquista ou esteja com muita raiva de si mesmo e queira se submeter a um suplício para receber a lição ou o castigo que está a merecer. È só tirar a dentadura e morder no seu corpo, no local onde ele achar mais apropriado. Eu vi na TV um sujeito desafiar um outro, apostando que mordia na própria orelha. O desafiado perdeu a aposta porque não sabia que o gaiato usava dentadura.  No caso, até na própria nádega o sujeito consegue morder, basta apenas um pouco de contorcionismo. Com dentes naturais, nunca. Também vi na TV um animador, na rua, desafiando alguém a morder o cotovelo. Um usuário de dentadura levou o prêmio. Sob protesto da platéia que achou desleal, mas levou.

Consumada a ausência de dentes naturais ou estes estando irrecuperáveis, as vantagens ou utilidades da dentadura postiça não acabam por aí. Considerando o item estética, a dentadura dá uma boa corrigida na estampa da pessoa banguela, uma vez que os dentes formam o adorno da boca. E a pessoa desdentada, está na cara, nunca pode vangloriar-se de uma boa aparência. Em seguida, nesta situação, a perereca ajuda a evitar a obesidade, levando-se em conta que os alimentos podem ser bem mastigados para ser bem digeridos. Não é necessário ser doutor para saber que alimentos engolidos inteiros ou mal mastigados sempre provocam obesidade. Há muitos obesos, cuja causa não é outra, senão esta. Olha a aparência aí, de novo!

Finalizando esta “obra de arte”, pergunto-lhes: Então, caros leitores, há ou não alguma vantagem em ser usuário de prótese dentária, ou, como preferirem, aquela peça bucal popularmente conhecida com dentadura ou perereca?  No caso de usuário rico, é prótese dentária ou implante, que é mais chique; no caso do usuário ser pobre, é dentadura ou perereca.  Assim, nem tudo o que é discriminado ou considerado ruim vem só para piorar a vida da gente. Vez ou outra, um defeito, uma anomalia ou uma deficiência podem trazer alguma vantagem para seu portador. Junto às desculpas, peço-lhes também não morderem o próprio corpo devido à raiva que sentirão deste “magnífico” texto. Muita calma nessa hora! Ninguém é perfeito, né?!