segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A inveja peçonhenta e seus malefícios.

É inquestionável que a inveja é um sentimento mesquinho e perverso, se olharmos apenas um de seus lados, eis que há dois tipos de inveja. Há a inveja maligna, que consiste em desejar para si todo o bem precioso que o outro possue.  A pessoa dominada por este tipo de inveja pensa que o outro não merece nada de bom, dá por mal direcionado tudo o que outros possuem e que tudo deveria ser dela. Este tipo de inveja causa grande mal ao invejoso e ao invejado. É um sentimento perverso, que pode levar o invejoso a exterminar o invejado, consoante Caim fez a Abel, seu irmão, motivado pela suposição de que Abel tinha a preferência do pai, Adão, e também de Deus.
Por outro lado, há a inveja benigna, se é que podemos chamar assim, que, de forma aceitável, motiva o indivíduo a desejar bens semelhantes aos do outro, e não os do outro. Este tipo de inveja pode até ser benéfico, uma vez que ele impulsiona a pessoa a lutar para conseguir um bem semelhante ao que ela está invejando e desejando. Por exemplo: o Zé tem um carrão, o qual o Tonho acha muito bacana e tem uma baita vontade de possuir um igual. Como o Tonho não é dominado pela inveja má, ele deseja ter um carro igual, e não o que já é do Zé. Então, essa vontade vai motivar o Tonho a lutar para conseguir adquirir um carrão semelhante ao do Zé.
Desejar se equiparar aos outros é muito natural, desde que esse desejo não se transforme em inveja maligna ou mesmo num simples egoísmo. Imagina-se que todos, vez ou outra, sentem inveja de alguém. Temos inveja de muitas pessoas e gostaríamos de ser como elas. Temos inveja das pessoas bonitas, das inteligentes, das ricas e bondosas, das pessoas altruístas, das pessoas famosas que agradam ao público, das que têm muita saúde e outras boas coisas que a vida oferece. Eu, por exemplo, tenho uma inveja danada de quem sabe tocar um instrumento musical, como viola e sanfona. Se eu disser que não cultivo este tipo de inveja, estarei sendo hipócrita.  
No entanto, garanto que não se trata de inveja perversa, pois, não desejamos o que é dos outros para nós. Desejamos apenas coisas semelhantes. Neste caso, não queremos vencer ninguém. Um empate está excelente.  Todavia, falando por mim, não acho justo desejar somente as coisas boas que os outros possuem. Por que, então, nós não desejaríamos também as desgraças, as mazelas e os infortúnios dos nossos semelhantes? É ruim a gente desejar isso, hein!? Só desejamos coisas boas, o que é mais do que natural. Aliás, desde criança somos condicionados para isso, ou seja, desejar e possuir bens agradáveis aos olhos, ao coração, à mente e ao saldo bancário.
Dizem que “a ocasião faz o ladrão.” Assim, também o momento faz o invejoso, não obstante hajam aqueles que são dominados pela inveja de janeiro a dezembro.  Esses são praticamente doentes. Quando uma pessoa está passando por uma fase financeira difícil ou por outra dificuldade qualquer, por exemplo, ela costuma ter inveja de quem está com muito dinheiro ou em situação mais favorável. Quando estamos doentes ficamos morrendo de inveja de quem está com saúde. Verdade ou mentira? Observem que a situação da hora está criando um invejoso passageiro. No entanto, se for uma inveja moderada e não contaminada pelo ódio, não deixa de ser normal.  
Tempos atrás, lembro-me muito bem, eu fiquei desempregado, por opção minha porque não agüentava mais a pressão. Só que me arrependi muito de ter pedido demissão e entrei em depressão. Durante a depressão, eu ficava morrendo de inveja de quem estava trabalhando, enquanto eu estava ocioso e não tendo rendimentos.  Eu ficava com inveja até dos garis trabalhando, quando via a alegria do gari Zé Paulo. Para dizer a verdade, eu ficava com inveja até dos defuntos em cujos velórios eu ia. Quando ouvia anúncios de falecimento, eu ficava numa tremenda inveja do falecido, pensando na possibilidade de trocar de lugar com ele. Ô inveja besta, ein? Nunca mais quero ter!
Dizem por aí também que a inveja é uma merda. Quanta generosidade! A inveja é mais do que isso, é uma fossa cheia de merda. Ela é um buraco cheio de dejetos, onde chafurdam o invejoso e o invejado. O invejoso entra nessa fossa porque quer, porque é egoísta, é ganancioso e perverso. Entretanto, acaba levando junto o invejado, que, quase sempre, nada a ver com o assunto, às vezes nem sabendo o motivo da inveja que causa.   Eis que a inveja é tão perniciosa, tão nociva, tão nefasta, que acaba fazendo mal tanto ao invejado quanto ao invejoso. Há pessoas que não acreditam, mas muitas outras pensam que a vida do invejado costuma virar de ponta cabeça.
Todos deveriam evitar a inveja do tipo peçonhenta. Essa inveja perversa, que faz com que o objeto invejado vire alvo da ira do invejoso, cujo único desejo é se livrar do que lhe está incomodando e lhe fazendo concorrência.  Foi esse maldito veneno que causou o rompimento dos laços fraternos entre Caim e Abel, irmãos de sangue, fazendo com que aquele acabasse por cometer o primeiro homicídio da humanidade. É triste saber que a sanha assassina do homem foi inaugurada entre parentes e por motivo tão mesquinho. Nós que moramos em cidade pequena vemos todos os dias exemplos de situações dessa inveja maligna e, vez ou outra, suas conseqüências.
Uma palhaçada é o mínimo que se pode dizer sobre quem tem inveja peçonhenta de pessoas bem sucedidas na vida. Principalmente daquelas que se deram bem agindo honestamente. Neste caso, temos que ter admiração e desejo de seguir os bons exemplos. O que devemos fazer de mais correto é desejar que todas as pessoas se dêem bem na vida, pois quanto mais gente feliz houver mais segurança pública e mais paz social. Também não devemos ter inveja de quem subiu de maneira espúria, como sobem os políticos e alguns outros meliantes. Destes, temos que ter pena, pois sofrerão muito na hora de prestar contas ao Criador.
Lamentavelmente, há pessoas que têm inveja de tudo. Esquecem-se dos bens que Deus já lhes tenha dado, para desejar um bem do outro, não obstante os seus bens possam já ser melhores, mais volumosos e mais valiosos. Neste caso, a inveja cega a pessoa, que passa a não ver que o outro talvez só possua aquilo que ela está invejando, só pela perversa mania de achar que o sol pode brilhar só para si. Maldosa suposição, pois o sol nasceu para todos, apesar de que a sombra, de vez em quando, é muito melhor. Portanto, vamos eliminar a inveja maligna da nossa vida, pois, além de ser um grave defeito, uma mania feia que leva à destruição, é um cabeludo pecado capital.



Um comentário:

  1. Caro seu PATA... quando a pessoa peleja viver a amplidão das coisas, sob uma ótica diferenciada, fazendo uso de um terceiro olho que enxerga menos, um pouco mais cego, o lide de maldade onde ela não existe, e, ainda por cima sente coisas transcendentes fluírem em sua vida em função de ter-se anelado por si mesmo a dador de sua existência, ou seja, um individuo não massa, que se destacada um pouco mais que o comum, se contextualizando universalmente para enxergar a amplitude do que realmente vale a pena de ser retinado e entendido está ai um ser humano que não tem tempo para ciúmes e inveja. Alías obsessores algum conseguiriam o desviar de rota, seja este espírito de toda espécie de deficiência e propensão do ser humano vivo ou morto, que vaga na existência sem consciência.
    No caso da inveja há deficiências muito maiores, mais nocivas e peçonhentas, que chegam a levar o acometido ao lento suicídio. Este espírito vive moribundo sem estar morto. Vai daí análise a conclusão do seu pertinente e assertivo comentário de que há pessoas que invejam até os mortos, principalmente se em vida aquele defunto, dado a seu esforço e talento, realizou coisas extraordinárias, incapazes de serem realizados pelo invejoso que prefere invejar no lugar de experimentar novo caminho para chegar neste mesmo patamar.
    Quando há no ser humano, por mínina que seja, qualquer réstia de sabedoria espiritual este ser tem menos propensão aos melindres da inveja e ciúmes. Nesse ponto é um pulo para, a partir daí, encontrar-se consigo mesmo, tal qual a tradicional resposta de um sábio a um profano, 620 anos AC, chamado de Thales de Mileto, de que o mais difícil de todas as coisas é encontrar-se consigo mesmo.
    Afinal quem mergulha no recôndito da alma e acesso o mais profundo abismo de seu ser, ao ponto de aplicar em sua vida as leis universais, está livre dos pensamentos comensais.. Daí em diante não vive o inferno de Dante absediando ou sendo obsediado pela propagação da inveja e todas males da humanidade com sua insanidade.
    Neste meandro e pela sua forte personalidade adquirida forjada na jornada da vida, tendo sobre si mesmo como guarida as leis de Deus, leis estas que o Dador de nossa existência rege como maestro absoluto o cosmo inteiro, este é o cara que vive outra seara, que nem dá noticia da inveja que um certo espírito a descoberto, amealha! Estas leis que faço menção as cito tal qual me capacito a todo amigo concito. Você pelo sabedoria expressa no que escreve conhece-as bem.
    Enfim, por bem ou por mal, nós devemos segui-las como cabresto invisível que não fere, e dai sim estaremos como pessoa boa tal qual vive tantas entre nós, a exemplo de Madre Tereza, Xico Xavier, Eistein, Niestch, Beetoven, Barch e tantos outros seres que durante sua jornada não pararam na estrada para invejar outro camarada.

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