sábado, 22 de outubro de 2011

SER CIDADÃO.

HÁ MUITOS anos um professor nos disse em sala de aula que cidadão é aquela pessoa que possui um título de eleitor, ou seja, que tem o direito de votar. Ou o conceito de cidadão mudou ou esse professor estava desinformado. O conceito de cidadão é muito mais amplo e muito mais completo, não se restringindo apenas ao direito a um controvertido, e, muitas vezes, mal utilizado voto. Se assim fosse, os vocábulos iludido, enganado e desrespeitado seriam sinônimos do vocábulo cidadão, pois é assim que os políticos fazem com o portador de um titulo de eleitor.

PRIMEIRAMENTE, ser cidadão é entender e respeitar que nosso direito acaba onde começa o do outro. Não há como ser cidadão se não se respeita as normas impostas pela vida em sociedade. Isto não diz respeito apenas às normas escritas nos códigos legais de comportamento, mas também àquelas que existem pela consagração popular, ou seja, as que estão escritas apenas em nossa mente e no nosso coração.  Estas são mais direcionadas para o lado humano das coisas, uma vez que nos lembram que não devemos fazer ao outro o que não queremos para nós.

SER CIDADÃO é pagar os impostos em dia, mesmo sob protesto, porque se sabe que os políticos irão desviá-lo, no todo ou em parte, para suas contas pessoais. Ser cidadão é preocupar-se com os cachorros de rua, conforme muita gente está se manifestando aqui. Ser cidadão é estacionar seu carro de maneira correta, sempre tendo em mente que não se está impedindo o outro de estacionar ou de movimentar o seu. Ser cidadão é dirigir com toda a cautela, não se fazendo de rogado e entrando numa rotatória sem antes observar se o outro não chegou antes de você.

SER CIDADÃO é não jogar lixo nas vias públicas, e, principalmente animais mortos para exalarem mau cheiro perto dos outros, conforme alguns fazem por aí. Denunciar quem age dessa forma também é ser cidadão. Ser cidadão é pagar nossas contas em dia, para que os nossos credores também sejam cidadãos pagando as deles. Ser cidadão é ganhar um salário miserável como muitas pessoas ganham e, mesmo assim, não se apossar das coisas alheias. Ser cidadão é respeitar as diferenças entre as pessoas, tentando consertar o que for possível e aceitando o não passível de conserto.

ALÉM DAS formas citadas acima de ser cidadão e manifestar a cidadania, existem inúmeras outras que exigem de nós a prática do mesmo sentimento.  Para isso, basta a gente conhecer nossos deveres e nossos direitos. Quanto aos direitos, não precisamos nos preocupar com eles, pois estes a gente usa se quiser; não é obrigado. O dever já é um pouco diferente, pois somos obrigados a cumpri-los. Assim, se todos cumprirem fielmente o dever, dificilmente aparecerá alguém reivindicando seus direitos. O dever cumprido de um sempre atende ao direito de outro.

ENFIM, ser cidadão é adotar a prática de atos que vão ao encontro dos interesses da pessoa que os pratica, sem ir de encontro aos interesses das demais pessoas envolvidas. Ser cidadão é viver em harmonia com tudo e com todos. A cidadania consiste em viver de acordo com a reta razão e a vontade de Deus. No entanto, nenhum ser humano pode assumir o compromisso de ser cidadão a todo o momento, devido à própria condição humana, que é cheia de falhas e imperfeições. Todavia, havendo boa vontade, boas intenções, interesse pelo bem dos outros viventes já terá sido um ótimo começo.

COMO SE VÊ, há muitas formas de ser cidadão e a todo o momento a gente se depara com uma delas. No entanto, entre elas, em minha opinião, a mais infrutífera acaba sendo exatamente aquela a que o tal professor se referiu, como se fosse a única. Considerando o procedimento nefasto da maioria dos nossos políticos, não compensa ser cidadão dessa forma. Possuir um título de eleitor para votar nesses políticos maus caráter que pululam no país, e depois assistir, impotente e decepcionado, a sucessão de falcatruas, não é exercício de cidadania. É, antes de tudo, ser imbecil, idiota, burro. Se ser cidadão fosse só isso, eu preferiria não sê-lo.



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