segunda-feira, 7 de março de 2011

A Depressão. Algo prático sobre

Ao conversar recente e demoradamente com uma pessoa portadora de depressão fiquei impressionado com a situação dela e, ao mesmo tempo, pensando como é terrível ser acometido desse mal. É uma situação tão complicada, que só quem já passou por isso sabe como é difícil ter a doença ou conviver com um ente querido que a tenha. Assim, não obstante meus parcos conhecimentos, resolvi arriscar a falar um pouco sobre este mal que assola a humanidade, uma vez que tenho experiência pessoal no assunto.
Como todo mundo sabe a palavra depressão, literalmente analisada, tem vários significados, os quais acabam se transformando em um só, praticamente. Ou seja, acaba se transformando em um Buraco. Sim, um grande e feio buraco, pois a depressão nada mais é do que um buraco na vida da gente. Como todo buraco ocorre por falta de um material que ocupava seu lugar, a depressão ocorre também por falta de um precioso bem, material, espiritual ou afetivo que preencha a lacuna, complete e satisfaça o nosso ser.
É sabido também que toda depressão, ou seja, a doença da alma, surge em decorrência de uma perda. Pode ser qualquer uma. Perda de emprego, de saúde, de um ente querido, de juventude, de dinheiro ou de qualquer um outro bem que seja importante para o ser humano. Eu conheço um sujeito que está deprimido porque perdeu os cabelos, ou seja, ficou careca. E não adianta falar com ele que “é dos carecas que elas gostam mais”, porque não lhe serve de consolo.
Tem gente que pensa que depressão é frescura ou falta de serviço. Falta de serviço até pode ser, porque ela pode ter surgido em virtude da perda do emprego, mas frescura não é, pois o portador torna-se impotente diante dela. O deprimido é digno de pena, respeito e muito carinho, não obstante ele se torne muito amargo e companheiro da solidão, chegando até rechaçar tentativas de aproximação. Nada que se fala com ele lhe dá algum ânimo, mesmo porque ele se torna refratário a conselhos e sugestões.
Deve-se ressaltar também que a depressão é doença de gente de bem; é um mal que aflige mais as pessoas dotadas de vergonha na cara, uma vez que as pessoas desse tipo é que sentem mais as perdas. A coisa mais difícil de se ver é um cafajeste, um pilantra, ou um bandido cruel ser acometido de depressão. Eles não estão nem aí para suas perdas e para as que eles causam aos outros. Um ou outro pode até entrar em depressão quando vai para a cadeia e perde a liberdade.
Como a depressão age feito um ladrão, ou seja, chega de surpresa, ela pega o indivíduo desprevenido e o domina de uma vez, por completo. Ele fica impotente e não encontra forças para reagir, visto que se desanima de tudo. As coisas simples que uma pessoa normal faz na maior naturalidade, o deprimido tem dificuldade em fazê-las. Como exemplo, cito tomar banho, escovar dentes, agasalhar-se, alimentar-se, etc. O sexo, então, torna-se a coisa mais sem graça do mundo. Então, o acometido fica bem ruim, não é mesmo?
Biologicamente, todo organismo é dotado de uma substância, que fica alojada no cérebro, chamada cerotonina. Essa substância é que dá ânimo, alegria e humor às pessoas. A cerotonina, segundo li certa vez, é apenas 0,01 grama por organismo, e mesmo assim ela ainda costuma baixar. Quando ela baixa, logo, logo dá origem a uma bela depressão. E como a depressão é também uma doença física, há que se tomarem medicamentos farmacêuticos para elevar o nível da cerotonina.
     Além de medicamentos para o físico, o deprimido também tem que procurar remédio para a alma através de orações. Se ele for uma pessoa dedicada à igreja deve continuar exercitando sua fé uma vez que a doença atinge muito o espírito. Caso esteja afastado de Deus, deve procurar reconciliar-se com Ele imediatamente considerando que a falta do que agarrar-se aumenta mais ainda o desespero, o que leva o deprimido a ficar mais propenso ao suicídio. A força de Deus é muito importante nessa hora. 
O deprimido não representa perigo para outras pessoas. Ele é um perigo mais para si do que para os outros, uma vez que ele só pensa no auto-extermínio. Ele não pensa em matar ninguém; pensa em acabar só com a sua vida, uma vez que ela não tem mais nenhum sentido. A depressão é a anti-sala da loucura; e a loucura é o portal de entrada para o suicídio. Dizem que quem não tem dó nem de si, não vai nunca tê-la dos outros, mas para o deprimido essa afirmação não é muito verdadeira.
Em sendo assim, exorto os prezados leitores a, quando tiverem oportunidade, não deixarem de socorrer, amparar, aconselhar e animar um deprimido, mesmo este estando resistente à presença de outrem, o que  comumente acontece. Se você puder vencer as barreiras impostas por ele, não lhe vire as costas, pois ele é um infeliz, totalmente dominado pela doença. Se você assisti-lo, ele poderá não melhorar, mas com certeza não piorará, pelo menos enquanto estiver recebendo sua atenção.
Recebendo sua atenção, o deprimido poderá perceber que nem tudo está perdido e que ainda há pessoas atenciosas e altruístas. Ao passo que se você lhe virar as costas, ele poderá sentir-se mais desprotegido ainda.  Aí, o resultado poderá ser funesto, conforme temos visto vez ou outra, desafortunadamente. A qualquer descuido nosso ou a qualquer mal entendido dele em relação a uma atitude nossa, ele poderá dar cabo de sua vida, até como forma de se vingar das pessoas.
Esperando não ter escrito muita bobagem, solicito também aos entendidos do assunto o obséquio de não pensarem que estou dando uma de sabichão, querendo me meter num assunto que não me compete e do qual entendo muito pouco ou nada, a não ser a experiência pessoal, que será assunto de um outro texto. Estou falando de depressão no sentido prático, e não no científico.  Teoria, não tenho nenhuma, mas na prática pessoal não fiquei muito longe de ser doutor.  
Finalizando (UFA!), agradeço a todos que tiveram a paciência e o altruísmo de ler esta patacoada. Não tenho a pretensão de querer que tenham aprendido algo com esta leitura, mas, por outro lado e sinceramente, espero não tê-los feito desaprender nada e nem esquecer o que já sabiam. E muito menos ainda desejo que fiquem deprimidos, principalmente por minha culpa. Se isto acontecer e chegar ao meu conhecimento, quem ficará deprimido serei eu. Depressão, se Deus quiser, nunca mais!






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