terça-feira, 7 de junho de 2011

Ditados populares verdadeios, mas discutíveis - Parte 5 (Final).

O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM O CORAÇÃO NÃO SENTE:
Não funciona sempre. Só em alguns casos. Se assim fosse o coração do deficiente visual não sentia nada, uma vez que os olhos não enxergam.  O portador de uma mente clara e sensível não precisa ver determinada cena para sentir os efeitos dela. Quando se trata de sentir ou sofrer por pena de outrem, a pessoa sofre apenas pelas informações recebidas a respeito. Há inúmeras coisas desagradáveis que acontecem longe de nossos olhos, que a gente não vê nem na mídia, apenas ouve falar, mas sente e sofre só de pensar naquilo. A menos que se esteja vendo com os olhos da alma. Os nossos corações sentem pelo sofrimento de Jesus, mas nós não o vimos. Por outro lado, o deficiente mental enxerga as coisas mas não as transforma em sentimento. 
Eu tenho um grande amigo, contemporâneo, que ouviu falar que sua mãe, no passado, fora infiel a seu pai. Ele não viu, só ouviu falar, mas baseado na dedução de outros detalhes em torno do assunto, acreditou ser verdadeiro o boato, e sente até hoje os efeitos do fato, mesmo não o tendo visto. Os olhos não viram, mas o cérebro assimilou a informação, transformando-a em sentimento e sofrimento. Então, nem sempre há sentimentos quando vê e nem sempre é preciso ver para que haja sentimentos. Assim, seria melhor dizer “o que a mente não capta ou não entende o coração não sente”. Isso porque o coração apenas reflete o que se passa na mente

CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE.
Este provérbio, sim! Este é muito discutível, controvertido e não muito justo, uma vez que sua aplicação correta depende da forma pela qual o governante chegou ao poder. Assim, ele pode ser totalmente verdadeiro, totalmente mentiroso e parcialmente verdadeiro/mentiroso. Quando o governante é escolhido em eleições democráticas e livres e não cumpre seu dever trabalhando decentemente em prol da comunidade, ele pode ser duplamente enquadrado nesse provérbio, sem ser injustiçado por ninguém.
Pode ser considerado imerecido por quem não votou nele e merecido por quem o elegeu. É justo que quem vota errado tem que pagar pelo seu erro, mas como é impossível separar votantes e não votantes, aí toda a comunidade paga o pato. Então, não é uma comunidade inteira ou o povo inteiro que tem o governo que merece. Seriam apenas as pessoas que elegeram o governante ineficiente, o qual está motivando o povo a usar o provérbio acima. Por outro lado, se o governo é eficiente quem o rejeitou nas urnas não o está merecendo.
No caso de um governo tomado pela força, uma ditadura de esquerda, por exemplo, a maioria absoluta do povo não merece o governo cruel que tem. Como no caso de Cuba, cujo povo, boníssimo conforme se ouve falar, não merece o governo tirano que toleram desde 1959. Isto pra ficar aqui por perto, mais longe do Irã, Coréia do Norte, Líbia, Síria, outros países africanos, não se esquecendo dos regimes europeus que, graças a Deus, já viraram pó. Será que esses povos mereciam tais governos?
No caso da extinta ditadura brasileira, de direita, felizmente, o provérbio se enquadrava plenamente. Os comunistas subversivos e agitadores tiveram o governo rigoroso que mereceram. Senão a coisa teria degringolado para uma ditadura de esquerda, inspirada no tirano Fidel Castro e no cruel Che Guevara, que estavam influenciando as mentes malucas. Por outro lado, o restante da população, ou seja, a maioria ordeira e trabalhadora, também teve o bom governo que estava necessitando e merecendo.  Portanto, o provérbio supra citado é carregado de muita relatividade.

ENCERRANDO por enquanto esta série, digo ainda que não tenho conhecimentos específicos para tais objeções, mas confirmo que são apenas opiniões pessoais, acumuladas ao longo de minha vida, no exercício de minha curiosidade, porém as mesmas são absolutamente combatíveis. Os caros leitores, querendo, podem e devem se manifestar, até mesmo sugerindo outras máximas e ditados antigos para discutirmos, analisar e até dizer algumas bobagens sobre eles.  No entanto, não podemos esquecer, eu principalmente, de um outro ditado que não se pode contrariar:“quem fala muito dá bom dia a cavalo”, ou, com um pouco mais de elitização, “quem emite sons vocais em demasia saúda matinalmente o eqüino”.

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