Sempre que uma pessoa está insatisfeita com o governante, ela diz, com muita revolta e razão, que o povo não sabe escolher ou que o povo não sabe votar, consoante também pensa e disse o eterno Rei do Futebol, nosso estimado Pelé. Na verdade, não é todo o povo que não sabe escolher, pois no seio dele há pessoas bem seletivas e sensatas, haja vista a quantidade de pessoas que não votaram no partido do atual governo. Não pelo governo em si, mas pela turma gananciosa que infesta o partido.
Entretanto, é bem considerável o número de pessoas ruins de escolha, levando-se em conta o alto número de pilantras e vilões que é eleito em todas as eleições. Assim, dá para concluir que, na realidade, a maioria não sabe escolher ou se deixa manipular com muita facilidade. Ou então, para ser mais justo, os “escolhíveis” deixam muito, ou tudo, a desejar, não oferecendo possibilidades de uma boa escolha. Em todo pleito é lançada na cara do eleitor uma lista de pilantras travestidos de homens públicos.
Todavia, essa dificuldade de escolher o melhor é muito antiga. Pelo que se sabe, vem desde o tempo do Adão. Inclusive, a primeira má escolha foi feita por ele, quando, por curiosidade ou incentivado pela rastejante serpente, optou por degustar a apetitosa maçã. Se o Adão não tivesse feito essa má escolha (será que é?), poderíamos ainda estar vivendo no paraíso. Ou será que o Adão e a Eva estariam sozinhos lá até hoje, uma vez que humanidade surgiu em decorrência da escolha deles?!
A segunda péssima escolha ocorreu quando Pôncio Pilatos, então governador da Judéia, deu à turba alucinada a chance de escolher entre Jesus, o rei do mundo, e o salteador das estradas chamado Barrabás. Adivinhem quem o povo escolheu! A ser verdadeira essa narrativa, fica evidente que o povo judeu fez uma péssima escolha, cujo desfecho prejudicou toda a humanidade. Inclusive as subseqüentes vítimas do Barrabás, entre as quais deve ter havido algum que optou por ele.
O pior em tudo isso é que ainda existem alguns Jesus e muitos Barrabás sendo submetidos à escolha do povo. Em todas as eleições o fato se repete. Faz parte da tradição, e parece que o povo gosta. O mais desastroso ainda é que uma parte insensata do povo ainda escolhe os Barrabás, que têm um enorme poder de “convencimento”, muito mais envolvente e alienante do que o dos Jesus. E quem sofre com isto? Quem paga o pato? Todo o povo! É claro!
No entanto, se os sofredores fossem apenas os responsáveis pela má escolha, ainda bem. Se os prejudicados fossem apenas autores da malograda opção, seria até bastante justo, pois que todo erro deve ser punido. Quem comete o crime é que deve receber a pena. Mas, como no caso é impossível definir quem é quem, acaba sobrando sofrimento para toda a coletividade. Sendo assim, viva a República, viva a Democracia, e vivam os Barrabás! E viva Jesus! O original, é óbvio!
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